Thursday, February 07, 2008

Pequenos detalhes

Eis o que (ainda) separa Portugal das selecções de top a nível mundial: os pequenos detalhes. Mais do que a experiência, qualidade e maturidade individual dos seus jogadores, é no colectivo que podemos observar as falhas da Selecção; a mentalidade colectiva, o controle dos momentos-chave do jogo e a necessidade de mudança na maneira de jogar (não necessariamente a táctica) consoante as diferentes fases do jogo.

No momento, são quatro as selecções que ainda estão fora do alcance de Portugal: Itália, França, Brasil e Argentina. Não só pelas lacunas colectivas acima mencionadas mas também pela qualidade média dos seus jogadores.
No jogo de ontem contra a Itália e olhando para os onze titulares vemos que não podemos comparar R. Meireles ou Petit com Pirlo ou De Rossi; Caneira ou J. Ribeiro com Zambrotta ou Grosso; B. Alves com Cannavaro(!); Makukula ou H. Almeida com Toni ou mesmo Quagliarella. Apesar de tudo, no futebol actual ainda pesa a diferença de qualidade entre os jogadores e isto reflecte-se na manobra colectiva. Outro detalhe que se vislumbrou no jogo de ontem foi a diferença ao nível da mentalidade dos jogadores: a falta de concentração (que afecta, de uma maneira geral, o futebol e o jogador português) que se traduz em falta de confiança e por sua vez em erros, quer ofensivos quer defensivos.

Estes problemas, associados a outros que o nosso colega António Marreiros já havia mencionado, como a falta de um lateral-esquerdo de raíz e de qualidade, de um ponta-de-lança de classe mundial e de um GR de nível, traduzem-se nisto: Portugal ainda não está no grupo de selecções mais fortes onde se encontram, como já mencionei, a Itália, a França, o Brasil e a Argentina. Situa-se portanto imediatamente abaixo, num segundo grupo de equipas onde também estão a Rep. Checa, a Inglaterra, a Alemanha, a Espanha, a Suécia, a Dinamarca, a Holanda, a Croácia e a Grécia. Talvez seja líder, a par da Alemanha, deste grupo de perseguidores do pelotão da frente mas, por enquanto, ainda sem hipótese de lutar de igual para igual com aquelas quatro selecções.

Entretanto a esperança e o sonho vão residindo nos pés deste homem...

3 comments:

António said...

Acho que tendo em conta o desempenho nas selecções mais jovens, a Espanha, a Alemanha, a Inglaterra e a Holanda vão criar entre elas um segundo grupo, ao passo que Portugal, Rep. Checa, Suécia, Dinamarca, Croácia e Grécia vão fazer parte de um conjunto com presença regular nas fases finais, mas sem impacto nas mesmas.

Quanto às lacunas da selecção portuguesa, essa foram evidentes no jogo de ontem, onde a comparação individual deixava desde logo antever um desiquilibrio.

Abraces

Rui Gonçalves said...

Também acho preocupante o défice de qualidade das nossas camadas jovens, sobretudo naquela que mais impacto tem junto das pessoas, os sub-21 por ser o trampolim para a selecção principal. Sinceramente não estou a ver Vieirinha, P. Machado, João Moereira, R. Batista e os outros habituais de Rui Caçador nos AA. Talvez se salve Pélé. Tenho esperança, isso sim, nos jogadores que já passaram essa fase como Moutinho, Veloso, H. Almeida, M. Fernandes, Manuel da Costa ou mesmo Bruno Vale.
Agora "esperanças" nos sub-21 não estou a ver nenhuma a não ser mesmo Pélé.

Hasta!

Rui Gonçalves said...

E é verdade: a Holanda tem sempre talentos emergentes de grande qualidade todos os anos ao passo que a Espanha foi campeã mundial em várias categorias jovens. Não tenho grande fé nos novos valores de Inglaterra e Alemanha, talvez devido ao facto de os seus jogadores jovens nunca terem grande impacto junto dos seus clubes de formação, normalmente acabando num clube de 2ª linha dos seus campeonatos nacionais. O problema é que também estou a ver isto acontecer com Portugal...

Fica!