Este é o título daquele que espero ser um tema bem sucedido deste blog. Sabendo-se que o Rui e eu somos simpatizantes de clubes rivais, pensei então em criar um novo tópico, que consiste no seguinte: falar de jogadores que fazem ou fizeram história pelo adversário. O objectivo é uma análise vista pelo outro lado da bancada, o lado menos afectuoso e mais realista do jogo. Para apimentar mais a coisa, no final de cada post, cada um dos cronistas deixa o nome do jogador que seguidamente quer ver retratado pelo rival. Como sou eu que começo, tenho o benefício da livre escolha inicial :)
Karel Poborsky
Fantasista, repentino, hábil e guerreiro, Poborsky é quem inaugura este novo tema do Crónicas. Desde 1998 a 2001 no Benfica, Karel deixou muitas saudades aos benfiquistas, fruto de uma enorme força de vontade com que jogava futebol, nunca se escondendo da bola e procurando sempre conduzir a equipa para a frente. Foi provavelmente a melhor contratação da era Vale e Azevedo e foi também um dos esteios da equipa quando esta caminhava por sombras que ainda hoje não foram totalmente dissipadas.A carreira de Poborsky começou no seu país natal, onde subiu vários degraus até atingir o Slavia de Praga, um dos clubes históricos checos. Aí realizou boas exibições, mas a expressão internacional de Poborsky era então muito pouca. Contudo, e por força da campanha brilhante da República Checa no Euro 1996 na Inglaterra, todo o mundo do futebol se interessou por aqueles anónimos rapazes checos, entre os quais existiam nomes como Nedved, Smicer ou Kouba. Poborsky saiu então da Rep. Checa, transferindo-se então para o colosso Manchester United. Aí, e contrariamente às previsões, Karel não foi tão decisivo no jogo da equipa como era esperado e foi com naturalidade que acabou por sair, rumo a Portugal, mais concretamente ao Benfica, que então via no checo o salvador, dois anos após crucificar as aspirações de Portugal no Euro 1996, com a célebre vaselina a Vítor Baía.
Chegado ao Benfica num pacote que então incluía Kandaurov e Luis Carlos, Poborsky estreou-se frente ao FC Porto nas Antas, numa derrota por 2-0 com muitos casos à mistura. Sem entrosamento, Karel seguiu o seu percurso, vendo jogadores e treinadores a chegar em grande abundância, não conseguindo criar rotinas tácticas seguras, exceptuando talvez com João Pinto, um dos poucos que conseguiram manter-se fiéis num período tão problemático.
Tal agitação teve resultados nefastos para as hostes encarnadas, que culminaram com o inesquecível resultado (tanto para o Benfica como para os rivais) de 7-0 frente ao Celta de Vigo, em Outubro de 1999. Ainda assim Poborsky foi dos mais inconformados, fruto da dedicação que sempre nutriu pelo jogo. Tal dedicação valeu-lhe aquele que é considerado o ponto alto ao serviço do Benfica: o famoso golo ao Salgueiros na Luz, em que levou a bola desde a sua área, percorrendo todo o lado esquerdo e levando em velocidade todos aqueles que lhe apareciam pela frente, concluindo essa brilhante jogada com um majestoso golo.
Em 2001, Karel rumou à Lazio por uma época, voltando seguidamente a Praga, desta vez para jogar no Sparta, onde jogou mais três anos, até concluir a carreira no clube que o viu nascer para o futebol: o Dynamo de Bujedovice.
Em resumo, fico com a ideia que se fosse hoje, Poborsky teria ficado mais tempo na Luz e teria muito mais impacto do que teve quando por lá jogou. Ainda assim, é com um misto de saudades e de insatisfação que penso que os adeptos do Benfica lembram Poborsky. Saudades por causa da sua técnica e dedicação e insatisfação por ter surgido num período em que o seu futebol serviu mais para salvar a honra de uma equipa perdida, do que para ajudá-la a conquistar títulos.
Jogador para análise futura: Balakov
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1 comment:
Sem dúvida que Poborsky foi dos jogadores com mais classe que passou pela Luz nesses anos terríveis em que as sucessivas e inúmeras contratações de má qualidade deixaram o Benfica onde ainda se encontra hoje.
Foi um belo começar deste novo topico.
Hasta!
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