Saturday, June 23, 2007

A querela dos holandeses voadores

Que raio se passa com Van Basten?
Esta pergunta é o ponto de partida para aquilo que penso ser uma cabala contra um dos melhores avançados da década: Van Nistelrooy. A não convocação deste para a selecção não passa de uma birra que poderá ter consequências severas para a selecção holandesa. Actualmente estão em 3º no grupo de qualificação para o Euro 2008, mas com menos um jogo. Ainda assim, face à qualidade da equipa e num grupo onde Roménia e Bulgária são os mais fortes adversários, não deixa de ser algo confrangedor. Parece-me a mim que Van Basten tem um modelo assente sobretudo em liderança e, quando essa é posta em causa, as medidas são muito severas, incluindo a própria exclusão da selecção, mesmo que se seja um avançado que qualquer outra selecção gostaria de ter. Van Nistelrooy contestou uma única vez Van Basten, ainda no Mundial 2006 e a partir daí, ficou marcado pelo seleccionador.
Contra Portugal ficou bem exemplificado que Van Basten não gostou da atitude de Van Nistelrooy e como castigo, pôs em causa a própria sobrevivência da equipa no Mundial. Nesse jogo a defesa de Portugal foi altamente permeável (Nuno Valente fez uma exibição muito fraca) e viu-se o medo dos espectadores portugueses cada vez que a câmara focava o olhar matador de Van Nistelrooy, sentado no banco e completamente em pulgas para entrar em campo e resolver o jogo. Nunca entrou e a Holanda foi eliminada. O que ganhou Van Basten com isso? Respeito dos outros jogadores talvez, mas também a eliminação na maior competição mundial de futebol.
Estranhamente, Van Basten continuou à frente dos destinos da selecção holandesa após o Mundial e, como seria de esperar, Van Nistelrooy nunca mais foi visto a vestir a laranja. É certo que Huntelaar tem capacidades para se tornar um avançado ao nível de Nistelrooy, mas a verdade é que ainda lhe falta o instinto e a movimentação de Ruud.
Talvez tenha aprendido com Scolari quando este não convocou Romário para o Mundial 2002, mas pelo menos o brasileiro levou o caneco, ao contrário de Van Basten, que apesar de ter sido um grande jogador, revela-se um autêntico desastre na selecção e gestão dos jogadores holandeses.

Wednesday, June 13, 2007

Questão de Calendário ou de teimosia

O Real Madrid está a ferro e fogo! E com razão.
Quando se vai jogar a última jornada da Liga e tudo ainda está em aberto, eis que Dunga decide convocar Robinho para a Copa América (privando-o do último jogo), dizendo que sempre que o pediu o Real rejeitou. Apesar disso, o Real Madrid desta vez não tem culpa absolutamente nenhuma da incompetência da RFEF (Federação Espanhola de Futebol) por esta ter elaborado um calendário absurdo, que termina 2 semanas depois do fim dos principais campeonatos europeus. É de destacar que o Real sempre batalhou para mudar isto, ao contrário do Barcelona que parece ter um certo tipo de parceria com a RFEF e a própria selecção brasileira, visto não surgir ninguém da equipa da Catalunha no escrete, quando as possibilidades eram mais que muitas (Edmilson, Motta, Ronaldinho, Belletti e Sylvinho). Fala-se da mão de Villar - o tal que o Real considera ajudar claramente o Barcelona nas arbitragens - no meio disto tudo.
Face a esta situação, torna-se difícil compreender a intransigência de Dunga face ao Real Madrid, pois ele deveria saber que está a ser bastante injusto e que isso pode trazer uma herança pesada para o futebol brasileiro. Apesar da insistência de Dunga e de Kaká (que curiosamente também foi dispensado e nem tem jogos para fazer) continuar nas cogitações do Real, a verdade é que os sócios e simpatizantes do clube já falam em não trazer mais jogadores brasileiros para o plantel, pois além da maior parte ser extra-comunitário, só trazem problemas ao nível de convocatórias para a selecção. É possível que tal venha a acontecer cada vez mais e, em parte, este também é um fenómeno que ajuda a explicar o sucesso dos "brasileiros da Europa" (os portugueses) pelos campeonatos europeus, sendo estes alvos apetecíveis face a este contexto.
Por outro lado, a situação vista do lado do Brasil também é complicada, pois a maior parte dos jogadores só ganha competitividade jogando na Europa. Compreende-se é que no entanto, forçar os clubes a libertarem os seus jogadores quando são eles que pagam os seus avultados salários, não é a melhor estratégia. Imagine-se então, depois disto, se Robinho se lesiona gravemente na Copa América. Aí o caldo vai definitivamente entornar.