Thursday, January 31, 2008

Os números do mago

Estes são alguns dos números astronómicos que Cristiano Ronaldo apresenta nesta época:

  • 27 golos em 28 jogos oficiais
  • Marca consecutivamente há 5 jogos (9 golos nestas partidas)
  • Marcou em 14 dos últimos 16 jogos que efectuou
  • O goal average do Man Utd com Ronaldo é de 64-14 (+50)
  • Com Ronaldo, o Man Utd soma 23 vitórias, 4 empates e 1 derrota (frente ao West Ham)
  • 4 golos de penalty
  • 1 hat-trick e 7 dobletes
  • É o líder da Bota de Ouro com 38 pontos (Adebayor tem 32 e Trezeguet 30)

Já tem 30 anos? Então já pode jogar no AC Milan!

Tem, possivelmente, o plantel com média de idades mais alta da Europa e talvez do Mundo. Nos últimos anos a experiência e qualidade dos seus jogadores ditou leis na Champions mas na Serie A tem andado arredado da luta pelo título há alguns anos. O último scudetto foi ganho na época 2003-04, ainda Rui Costa estava no clube rossonero. Sendo um clube que não tem problemas financeiros e que pode dispender qualquer quantia para ter um determinado jogador, o Milan é dos clubes menos agitados nos mercados de transferências, optando por contratações cirúrgicas em vez de gastar milhões de euros em vários jogadores como fazem, por exemplo, Chelsea, Liverpool, Real Madrid, Barcelona ou Inter.


Mas penso que está na altura de uma renovação profunda do plantel. Senão vejamos: na baliza o elemento mais novo é Dida (34 anos); na defesa o mais jovem é Bonera (26 anos) sendo que o elemento mais "jovem" a seguir a ele são Oddo e Nesta (ambos com 32 anos); no meio-campo tirando Gourcuff (21 anos) e Pirlo (já com 29), os restantes jogadores têm mais de 30 anos; no ataque é que a equipa se encontra mais renovada, com Kaká, Gilardino e Pato (25, 25 e 18 anos , respectivamente) mas ainda contando com a experiência de Ronaldo (31 anos) e Pippo Inzaghi (34 anos).
Há apenas 6 jogadores num total de 25 com menos de 30 anos.
Impressionante.

Sobretudo se pensarmos que no futebol actual as equipas apostam em jogadores cada vez mais jovens. Veja-se o caso de Messi, Bojan, Geovani dos Santos, Cristiano Ronaldo, Benzema, Rooney, Martins, tudo jogadores que começaram a jogar a titulares com 18 anos ou ainda menos. Excepção feita, está claro, a clubes com centros de formação de outra dimensão como Ajax, Sporting, Auxerre, Rennes, etc.
Penso que é caso para perguntar: "Sr. Carlo Ancelotti, não será altura de renovar o plantel?"
Até ver os títulos conquistados têm dado razão ao treinador do AC Milan. Mas até quando?

Wednesday, January 30, 2008

Debaixo de olho: a Udinese de Marino

Uma das mais venenosas equipas do calcio é a Udinese de Pasquale Marino, 5ª classificada da Serie A (logo atrás da fabulosa Fiorentina de Prandelli). Uma típica equipa italiana em todos os aspectos do conceito: defesa sólida, meio-campo compacto, ataque eficaz. Tem o ataque menos concertizador dos nove primeiros classificados (23 golos marcados) e a sétima melhor defesa do campeonato (22 golos sofridos). Os seus jogos, claro, não são espectaculares. Mas tenho ficado impressionado com a capacidade que a equipa tem em contra-ataque: bola pelos flancos, com extremos dinâmicos e velozes, apoio dos médios, sempre encostando na linha avançada, liberdade para os criativos e o ponta-de-lança.



Marino lança a squadra num compacto 4-3-3, com um meio-campo mais trabalhador do que criativo e três homens para pensar os contra-ataques. Na baliza o jovem Handanovic; a defesa é composta por Zapata na direita, Lukovic e Filipe no centro e por Dossena na esquerda. Neste esquema Dossena solta-se em missões ofensivas com Zapata, central de origem, mais fixo na retaguarda; no meio-campo Inler, Obodo e Pinzi lutam até à exaustão pela posse da bola, entrando D'Agostino ou Eremenko para dar mais criatividade e pendor ofensivo. Nas alas Simone Pepe, na direita, é um extremo típico, daqueles que leva a bola pela linha lateral até à linha de fundo; na esquerda, Di Michele, tem mais tendência para flectir no terreno, aparecendo em zonas de finalização junto ao móvel ponta-de-lança Quagliarella ou a um avançado mais possante como Asamoah Gyan.
Um belo exemplar das características que marcam as equipas transalpinas desde meados do século passado.
Estejam atentos!

Taça da Nações Africanas - Gana 2008

O futebol no seu estado puro.


Quando vejo um jogo da CAN sinto que estão ali as raízes do futebol. Não na Velha Albion, não na América do Sul mas sim em África.

Capacidade técnica e poderio físico à solta nos relvados do Gana, sem amarras tácticas. As diferenças entre as selecções consistem na experiência individual dos seus jogadores, quer em campeonatos mais competitivos quer em provas internacionais de clubes de maior prestígio. Desses motivos partem a inteligência táctica de cada jogador e equipa na ocupação dos espaços, a defender e a atacar.

Mas vendo equipas como o Benim, o Mali, a Namíbia ou a Zâmbia ficamos com aquela sensação de quem está a ver um jogo das décadas de 60/70 do século passado. Guarda-redes com dificuldades no jogo aéreo, centrais que só aliviam a bola para a bancada, laterais mais preocupados em defender do que atacar, médios-centro com muita capacidade física mas pouca técnica no trato da bola e avançados com movimentações totalmente anárquicas.

Mais do que no La Bombonera ou Mar del Plata, mais do que no Maracanã ou no Parque São Jorge, onde os pibes e moleques já cresceram num ambiente moderno, com preocupações tácticas bem definidas, jogadas estudadas e perfeita noção do que fazer em campo, é no Continente Negro que se encontram as raízes mais puras do futebol actual. Talvez por isso seja um mercado ainda por explorar no que diz respeito aos principais campeonatos europeus com excepção, por razões óbvias, do Championnat.

Por outro lado, vendo equipas como a Costa do Marfim, os Camarões, a Nigéria, o Gana ou o Egipto ficamos com a sensãção de estarmos perante algumas das selecções mais completas a nível mundial, apenas prejudicadas pela, lá está, inexperiência ou juventude de alguns dos seus jogadores. É um prazer ver Drogba, Eto'o, Kanu, Aboutrika, Obafemi Martins, Asamoah ou Diouf de volta ao seu habitat natural e, desculpem-me o cliché, vê-los a correr e saltar no relvado como se fosse na sua aldeia natal.

Tuesday, January 29, 2008

Incidentes

Os casos dos jogos são-nos por serem ou empolados pela imprensa ou por serem demasiado evidentes para serem ocultados.


O incidente entre Luisão e Katsouranis foi amplamente comentado e criticado pela imprensa e comentadores em geral como sintomático do mau momento que o Benfica atravessa ou como causa para um mau estar geral no balneário da Luz. O que tento levar a cabo com este texto é mostrar como os media tratam de modo diferente situações semelhantes.

Um dia depois de Liedson e Vukcevic terem encostado as respectivas testas um no outro de forma pouco amigável já ninguém se lembrava sequer do incidente, também sintomático na altura do mau momento que o Sporting atravessava.

A outro nível, muita pouca gente se apercebeu do despique entre Bendtner e Adebayor (ambos do Arsenal) que culminou com a agressão do avançado togolês ao seu colega de equipa. Arsène Wenger chegou ao cúmulo de dizer que nem sequer tinha visto o que se passou no relvado, ao contrário das cerca de 50 000 pessoas presentes no estádio, fazendo lembrar Olegário Benquerença em pleno relvado da Luz (em contraste com a coragem de Camacho, deva dizer-se, que retirou imediatamente os dois beligerantes).

Para terminar, tirando aqueles que estão atentos ao futebol internacional, poucos souberam da escaramuça entre Munúa e Aouate, ambos guarda-redes do Deportivo, que resultou em agressões com suturas e pontos à mistura e com um castigo de 6 meses aplicado a Munúa (salvo erro).

PS: Onde está o sumaríssimo a Bruno Alves que, numa atitude de taberneiro, pisou João Moutinho quando este já jazia por terra e já depois do árbitro ter apitado uma falta no clássico de Alvalade?

Sunday, January 27, 2008

Koeman, o epicentro da crise?

Começo pela estatística. Desde que Koeman chegou ao Valência, a equipa realizou 18 jogos, dos quais ganhou 6, empatou 5 e perdeu 7, marcando 15 golos e sofrendo 19. Só isto chegava para despedir muito bom treinador. Contudo, e visto ter entrado a meio da época, Koeman tem tido o beneficio da dúvida de seu lado, embora este se vá esgotando a cada nova derrota. Neste fim-de-semana, o Valência perdeu novamente, desta vez no seu estádio frente ao Almería, que luta pela manutenção.



A exibição foi muito cinzenta, notando-se uma terrível incapacidade de criação, fruto das ausências dos pilares Baraja (lesionado) e Albelda (afastado por decisão técnica), jogando por eles o recém-contratado Maduro e Marchena. Este meio-campo, altamente defensivo e de fraca criatividade, lateralizou demasiado o seu jogo, pondo a cargo de Joaquín e Vicente as jogadas de ataque. Estes, possivelmente desmotivados pela crise interna do clube, não tiveram a necessária cabeça limpa para criar o perigo que a equipa desesperadamente necessitava.

Na frente, as bolas não chegavam a Villa, completamente desapoiado por David Silva, que Koeman pôs a jogar atrás do ponta-de-lança (posição na qual não se sente tão à vontade como na ala). Na defesa, Arizmendi jogou uma vez mais a lateral-direito.

Para se (des)entender melhor a confusão de Koeman, este, ao perder por um golo ao intervalo, tirou Silva e Vicente (dos melhores até então) e colocou em campo Miguel e o ponta-de-lança Zigic, passando Arizmendi de lateral-direito para extremo-esquerdo (!), desfasando aí qualquer noção de conjunto que a equipa (ainda) tivesse. Como se não bastasse, Koeman decidiu então tirar o mesmo Arizmendi quando faltava meia-parte e colocou em campo Mata, passando a equipa a jogar de um 4-4-1-1 para uma variante de 3-4-3 (com um organizador atrás dos avançados e fazendo descer o extremo restante para meio-campo), táctica que como se sabe, leva meses ou mesmo anos para se tornar compacta. Tudo isto resultou em... nada. A bola deixou de circular com cabeça e passou a ser um jogo monótono de luta a meio-campo, no qual o 4-3-3 do Almería nem teve que se esforçar muito para conter a pressão valencianista.

Em resumo, este jogo prova a decadência em que o clube está a entrar, dinamizada por um conjunto de decisões tomadas pelos dirigentes e pelo corpo técnico que resultaram, até agora, naquilo que parece um largo e doloroso trilho até à segunda divisão espanhola. Como curiosidades finais, resta referir o seguinte:
  • ex-treinador Quique Flores tinha até à altura da sua saída o registo de 11 vitórias e 6 derrotas nos 17 jogos disputados até então;
  • Albelda, como referi anteriormente afastado por decisão técnica (tal como Angulo e Cañizares) interpôs uma acção judicial ao clube do seu coração para que este o deixe sair sem pagar a cláusula de 60 milhões à qual está ligado;
  • Dos 15 golos que o Valência marcou com Koeman, um terço deles (5) foi contra o Irún, da Divisão B espanhola, a contar para a Taça do Rei;
  • O Valência não ganha há 9 jogos para a Liga;
  • Koeman disse no final do jogo com o Almería que "agora já olha para os lugares de descida";
Os espanhóis dizem que já viram o mesmo filme com o Atlético de Madrid quando este desceu à segunda divisão. Para já o Valência vai com 27 pontos (11º), mas apenas com mais 5 pontos que o Recreativo (18º) e mais 7 que o Deportivo (19º).

Tuesday, January 22, 2008

Os mais feios

Ronaldinho Gaúcho anda em má forma, mas voltou a liderar o Top 5 numa votação do site www.thepeoplesclub.com. O brasileiro foi considerado o segundo jogador mais feio do mundo, superando um dos favoritos, o argentino Tevez. O campeão da corrida é também do Manchester United: o atacante Wayne Rooney. Descrito como Shrek, o inglês levou o primeiro lugar com 33% dos votos da pesquisa. Também em equipas, o Man Utd foi vencedor, com 7 elementos no Top 20. De facto, esta temporada da equipa de C. Ronaldo tem tudo para ser gloriosa!

Classificação:

1-Wayne Rooney (Manchester United)
2-Ronaldinho (Barcelona)
3-Carlos Tevez (Manchester United)
4-Peter Crouch (Liverpool)
5-Ronaldo (Milan)
6-Luke Chadwick (Manchester United)
7-Robbie Fowler (Cardiff)
8-Darren Fletcher (Manchester United)
9-Rio Ferdinand (Manchester United)
10-Ruud Van Nistelrooy (Real Madrid)
11-Dirk Kuyt (Liverpool)
12-Joeleon Lescott (Everton)
13-Gary Neville (Manchester United)
14-Robbie Savage (Derby County)
15-Ivan Campo (Bolton)
16-Robert Earnshaw (Derby County)
17-Phil Neville (Everton)
18-Philippe Senderos (Arsenal)
19-Paddy Kenny (Sheffield United)
20-Edwin Van der Saar (Manchester United)

Sunday, January 20, 2008

Equipa do ano da UEFA 2007

Iker Casillas (Real Madrid) [☺-☺]
Daniel Alves (Sevilha) [☺-x]
Alessandro Nesta (Milan) [x-x]
John Terry (Chelsea) [x-x]
Eric Abidal (Barcelona) [x-x]
Steven Gerrard (Liverpool) [x-x]
Clarence Seedorf (Milan) [x-☺]
Kaká (Milan) [☺-☺]
Cristiano Ronaldo (Manchester United) [☺-☺]
Zlatan Ibrahimović (Internazionale) [x-☺]
Didier Drogba (Chelsea) [x-x]

Alex Ferguson (Manchester United) [x-x]

Entre parênteses rectos encontra-se as apostas certas (☺) e falhadas (x) do Rui (esquerda) e do António (direita). O saldo de apostas pessoais equivalentes à votação total foi o seguinte:
- O Rui acertou 4 das 12 votações, o que revela que a sua opinião difere muito da maioria da votação. Não acertou nenhum dos avançados.
- O António obteve 5 em 12, falhando toda a defesa e acertando 3 em 4 no meio-campo. Casillas foi unânime.

Como curiosidade, o facto de Alex Ferguson ter ficado por cima de Capello (a nossa aposta) ou Ancelloti (vencedor da Champions) é revelador do poder que detinha Mourinho, pois ganhar-lhe um campeonato basta para ser considerado o melhor treinador da UEFA. Sintomático.

P.S: Ontem o Villarreal ganhou por 3-0 ao Valência de Koeman. Entre as invenções do holandês para este jogo, conta-se a inclusão de Marchena a médio defensivo (apesar de já ter jogado assim no Benfica, não é a posição em que mais rende) e a incrível adaptação de Arizmendi a lateral direito! Para que conste, na semana passada o mesmo jogador havia jogado a extremo esquerdo!

Wednesday, January 16, 2008

Coisas que qualquer um de nós já sabia ou desconfiava II

"I think that, in order to score, we need to shoot."
  • Vujadin Boskov

Coisas que qualquer um de nós já sabia ou desconfiava I

"Pippo Inzaghi was born in an offside position."
  • Sir Alex Ferguson on Pippo Inzaghi after finding out that Pippo is the most offside player in the football ever.

Monday, January 14, 2008

O actual Benfica - parte 2

Já há algum tempo que venho a alimentar uma ideia sobre este texto que vos escrevo mas o meu estimado colega e colaborador António Marreiros antecipou-se (e bem) ao tema, fazendo uma análise sintética e objectiva deste Benfica de Camacho.
O meu pensamento principal vai, porém, noutro sentido.
O melhor jogador deste Benfica é, ao mesmo tempo, a sua principal fonte de problemas: Rui Costa. Contraproducente ou mesmo obscena, peço que reflictam um pouco nesta ideia que vos apresento.
Ter um jogador da classe do Maestro no banco é um crime de lesa pátria. Mas o facto de entrar em campo no onze titular cria, logo à partida, dois problemas: Camacho opta por colocar apenas um ponta-de-lança (Cardoso) que passará o resto do jogo extremamente desapoiado; Camacho opta por alinhar com dois avançados (Cardoso e Nuno Gomes) e desiquilibra o meio-campo, ficando apenas com um médio de cobertura/recuperador de bolas.
Não se pode pedir a um jovem de 35 anos que trabalhe na recuperação da bola, faça dobras nas linhas, lance o ataque e esteja sempre perto da zona de jogo (bola) durante 90 minutos. Voltando às duas opções de Camacho, a primeira faz com que o desgaste de Rui Costa seja constante (vem atrás buscar jogo e organizar o ataque, lançando passes em profundidade ou variando o flanco de jogo mas tem de estar sempre perto da zona de finalização pelo simples facto de só ter um avançado à sua frente; o problema da segunda é que também faz com que o desgaste de Rui Costa seja enorme (tem de recuar mais em missões defensivas, fazer dobras na alas e fazer pressing para a recuperação da bola).
O problema está, talvez, no antiquado duplo pivot defensivo onde dois jogadores (Petit e Katsouranis) são bons a ocupar os espaços defensivamente mas deixam muito a desejar no transporte da bola e nas transições defesa-ataque-defesa pois são algo lentos nesses processos. Isto faz com que Rui Costa tenha de vir continuadamente atrás, junto dos seus médios defensivos ou mesmo dos centrais para lançar um ataque organizado. Há uma nítida aglomeração de jogadores na zona frontal defensiva nas saídas para a acção ofensiva, ficando o ponta-de-lança solitário com 4 defesas à perna porque também os extremos (Rodriguez e Maxi/Di Maria) partem de trás para, embalados com a bola, criar desiquilíbrios.
Eu penso que uma possível saída para este bicudo problema dos encarnados passa por inverter o triângulo do meio-campo, ficando apenas um médio de cobertura à frente dos centrais e adiantando um segundo para junto de Rui Costa. Aqui surge, de novo, outro problema: o Benfica não tem, no seu plantel, um médio destas características (o nº8), como João Moutinho, Maniche, Tiago ou Manuel Fernandes. Nesse caso eu apostaria numa solução ainda mais radical: o médio mais recuado passaria a ser Rui Costa, de modo a tirar partido da sua visão de jogo ímpar e capacidade de passe a curta/média/longa distância. O maestro já jogou nessa posição no AC Milan, onde o exemplo de Pirlo é claro: um antigo nº10 que passou a jogar mais recuado também devido à sua visão de jogo e capacidade de passe. Os outros médios do Milan dão-lhe cobertura (Gattuso, Ambrosini) criando espaço, à zona, para que Pirlo não seja pressionado nos lançamentos para o ataque. Eu desenharia um esquema táctico semelhante para libertar o Maestro do desgaste físico nas tarefas de recuperação e dobras e ao mesmo tempo nas transições defesa-ataque-defesa.
Por muito que pareça absurda e estando visto que o modelo do actual Benfica não resulta penso que seria uma solução viável e, apesar de tudo, de fácil e rápida aplicação. Claro que o treino, a nível das dinâmicas tácticas, é imprescindível quando se quer criar um modelo de jogo mas pela sua classe e qualidade acho que Rui Costa teria todas as condições para desempenhar na perfeição este papel.

Sunday, January 13, 2008

O cara

Apesar de no Brasil surgirem craques como cogumelos na Primavera, existe uma estranha empatia entre o povo e esse jovem de 18 anos, que na sua estreia pelo Milan marcou (5º golo nos 5-2 ao Nápoles) e encantou. Ele é o futuro 9 do escrete. Ele é o cara. A ver vamos o que o futuro lhe reserva.


O actual Benfica

O Benfica tem uma boa equipa. Penso até que é a melhor equipa da década, como Luís Filipe Vieira fez crer aos benfiquistas em alto e bom som no início desta temporada. No papel é de facto uma grande equipa, senão vejamos:
  • Quim e Butt são bons guarda-redes habituados a grandes ambientes. Nenhum deles é melhor que Preud'Homme, mas como o belga há e houve muito poucos.
  • Nélson e Luís Filipe são jogadores responsáveis, mas aos quais falta concentração e regularidade. Miguel foi uma grande lateral direito do Benfica, mas antes dele ainda houve Sousa, Cabral e outros bem piores que os actuais elementos. Do lado esquerdo, Léo é dos melhores laterais que o Benfica teve na última década.
  • Luisão, David Luiz e Edcarlos são defesas centrais muito fortes. Não é por eles que o Benfica tem um plantel fraco. Zoro não está devidamente ambientado ao nosso futebol.
  • Petit e Katsouranis são habituais titulares nas suas selecções, ao passo que Binya demonstrou ter qualidade para jogar no Benfica.
  • Rodriguez, Maxi Pereira, Adu e Di Maria são contratações a pensar no futuro e a garantir desde já uma enorme qualidade ao plantel. Longe vão os tempos em que era Simão e talvez Geovanni se tivesse para aí virado.
  • Rui Costa se jogasse num candidato ao título dos melhores campeonatos europeus ainda e sempre desequilibraria. Nuno Assis é uma boa alternativa que precisa de jogos.
  • Cardozo tem potencial para se tornar numa referência, Nuno Gomes marca mais golos com alguém ao lado e Mantorras dinamiza as hostes encarnadas. No papel parece um ataque curto, mas com soluções.
Basicamente o Benfica é óptimo no papel, mas em campo a equipa tarda em jogar enquanto bloco. Para mim existe vontade de vencer, mas essa passa pela individualismo da acção e não pelo conjunto. Em termos de FM, o Benfica tem de facto a melhor equipa da década, repleta de internacionais e de jogadores com óptimos atributos. Contudo (voltando de novo à realidade), falta para mim algo essencial para a motivação da vitória, ainda mais que o jogar de forma compacta entre os sectores: falta benfiquismo ao Benfica. Os jogadores só correm quando o adversário é grande e dá projecção ou quando o prémio de jogo é bom. O Benfica que atingiu os Quartos-de-Final da Champions em 2006 tinha pior plantel mas conseguiu ser mais equipa que o da época presente.

Monday, January 07, 2008

Os 10 Mandamentos dos ingleses para Capello

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Fonte: The Sun

Cracks que fazem crack

Num tempo em que os jogadores de futebol são sujeitos a uma carga avassaladora de confrontos físicos, é curioso perceber porque há jogadores mais assolados por lesões do que outros. Em teoria muito subjectiva, podemos dizer que é devido ao facto de serem "meninos", isto é, de não terem a robustez necessária para lidar com a força usada pelos jogadores mais fortes. Numa outra teoria mais aleatória, há quem diga que se trata apenas de sorte ou azar. Aproveitando um pouco de cada um, a teoria mais unânime é que, para se ter uma carreira longa enquanto jogador de futebol é necessário:
  • possuir robustez física e/ou ser suficientemente hábil para ser fugir das faltas dos adversários e para evitar quedas duras
  • manter um ritmo constante nos treinos e nos jogos, sem forçar ou relaxar demasiado
  • uma boa pré-época, se possível num ritmo mais intenso
  • jogar numa posição em campo menos propícia a lesões (guarda-redes e centrais têm tendência a fazer mais jogos durante a época)
  • Recuperar totalmente de lesões anteriores, isto é, jogar a 100%
Ainda assim, há jogadores que seguindo todo este regime, acabam por falhar num último ponto: o da sorte. Podem fazer correctamente tudo aquilo que disse e, ainda assim, com uma escorregadela, uma queda ou um pé mal metido, acabar por deitar meses de competição pela janela. Para além disso, existem ainda jogadores com casos crónicos de lesões. Não falo de impedimentos físicos, mas exactamente em jogadores que se lesionam, voltam ao campo e lesionam-se de novo num sítio diferente. Por exemplo, na Liga Portuguesa o sportinguista Derlei é um caso recorrente. Com 3 lesões graves ao longo da carreira, lesionou-se num dos primeiros jogos do campeonato e perdeu automaticamente a primeiro volta do campeonato. Mantorras, Vitor Baía ou João Tomás são outros nomes a recordar. Na Liga Espanhola, existem vários "jogadores de cristal", como assim os chamam: Robben, Pepe, Messi, Vicente ou Motta têm sido mais notícia pelas suas constantes lesões do que propriamente pelo futebol jogado. Na Inglaterra lembro-me de Saha ou de Rosicky e na Itália mora o mais azarado deles todos: Ronaldo. O Fenómeno é um jogador cujo azar não tem dado descanso. São hoje incontáveis o número de lesões que teve no joelho e o brasileiro, de grande perseverança, consegue voltar sempre a uma forma que inveja muitos avançados de ponta. Ao mesmo tempo que é visto como um exemplo de lesionado constante, também é importante que se retenha o espírito com que o brasileiro enfrenta as lesões. Uma lição.

Friday, January 04, 2008

Benitez e o Liverpool

Como ponto de partida, tenho que dizer que não sou fã de Rafael Benitez. É óbvio que não posso desconsiderar um treinador cujo palmarés inclui todas as taças europeias vigentes, assim como 2 campeonatos espanhóis, uma taça de Inglaterra e a promoção a um escalão superior de duas equipas (Extremadura e Tenerife).
Contudo, há diversos factores que me levam a olhar de forma suspeita para o espanhol. Uma dessas razões prende-se com a sua maneira de estar no futebol. Para mim, toda a sua atitude de gentileza e cavalheirismo inglês é um imenso contraste com a efervescência dos espanhóis, habituados a viver de forma apaixonada e louca o futebol. Benitez é exactamente a antítese dessa forma de viver o desporto-rei. É certo que a sua função requer concentração máxima e organização total, mas há momentos em que a sua indiferença pela conquista me choca. Para mim há duas explicações possíveis para essa indiferença:
  • Benitez tem total confiança no seu método, o que lhe confere uma confiança que roça a arrogância pelo simples facto não festejar sequer o trabalho bem realizado, como se já estivesse à espera que aquilo acontecesse;
  • Benitez não gosta da emoção no futebol, apenas do resultado. Tal paixão pelo resultadismo é a razão principal do sono que a maior parte dos jogos de hoje me causa.
Seja qual for a explicação, fica claro que Benitez é um treinador trabalhador e exigente, procurando sempre o resultado acima da exibição. Até hoje teve resultados, mas e quando os deixar de ter?

É sobre esse tema que se vai falando em Liverpool. Num ano em que se gastaram milhões em jogadores exclusivamente pedidos por Benitez, é normal que os adeptos (que desesperam pelo campeonato) e sobretudo os investidores peçam resultados num futuro imediato. Até agora o investimento está aquém das expectativas, pois o Liverpool encontra-se a 12 pontos do líder Arsenal (embora com um jogo a mais que o Liverpool) e foi apenas na última jornada que se qualificou para os Oitavos da Champions num grupo bastante acessível. As estatísticas e os adversários também não ajudam Benitez: o Liverpool tem menos 6 pontos em relação à época passada e o Arsenal apresentou frente ao West Ham (vitória por 2-0) uma equipa recheada de reforços que custaram aproximadamente aquilo que Torres custou ao Liverpool (30M €).

Benitez passou inclusive a barreira dos 180 milhões de euros gastos em reforços, entre os quais se situam flops como Kuyt (14M €, 11 golos em 40 jogos), Bellamy (10M €, 7 golos em 27 jogos), Gabriel Paletta (3M €, 3 jogos), Josemi (3M €, 22 jogos), Leto (4M €), Antonio Nuñez, Zenden, Kromkamp ou Insúa. Leiva (12M €) e Babel (16M €) poderão ser os próximos reforços milionários a não conseguir vingar na equipa de Benitez, em grande parte devido à estratégia declaradamente defensiva que coloca apenas um ponta de lança, normalmente Torres.

Deixo por isso no ar as seguintes questões que o futuro responderá por mim:
- Será que a era vitoriosa de Benitez acabou?
- Será que os adeptos do Liverpool continuam a preferir a emoção ao resultado?

Importa por fim referir que Mourinho caiu por muito menos.

Thursday, January 03, 2008

Adeptos

Em mais uma estatística trazida pelos ingleses (desta vez pela revista UK Football), o AC Milan ocupa o primeiro lugar no que respeita aos adeptos mais vibrantes. De acordo com a mesma publicação, Real Madrid (2º) e Galatasaray (3º) completam o pódio dos adeptos mais fervorosos quando toca a puxar pelas suas equipas. Não sei quais os critérios que compõem esta votação, mas não devem ser de certeza os mais adequados, pois no 5º lugar desta votação surge... o Sporting de Braga! Aqui fica a lista dos 10 mais:

1.º AC Milan
2.º Real Madrid
3.º Galatasaray
4.º Panathinaikos
5.º Sp. Braga
6.º Liverpool
7.º Bayern Munique
8.º Barcelona
9.º Fenerbahçe
10.º AEK Atenas
-----------------------
15.º FC Porto
37.º Benfica

Para mim está claro que se sucedeu um dos seguintes cenários:
  1. A votação deve ter sido online e apenas os adeptos do Braga devem ter descoberto que esta existia
  2. Alguém cometeu um erro visual (deve ter visto o João Pinto no Braga e pensou que ainda era o Benfica)
  3. Alguém cometeu um erro geográfico (possivelmente queria referir Guimarães)
  4. Esta revista deve ser de humor e resolveu ironizar os clubes portugueses pondo no Top 10 o que menos apoia a equipa e que não consegue sequer ter casa razoáveis face a clubes como Bayern de Munique, Chievo ou Parma. O próprio presidente do Braga se queixa disso.
  5. O facto do Celtic ou Boca Juniors não constar no Top 10 é sinónimo que esta votação deve ter-se estendido a 15 ou 20 pessoas, cada uma fazendo a sua lista, de acordo com o álcool que tinha no sangue.
Enfim, uma votação que não serve para outra coisa senão rir. Tenho que me lembrar de não comprar essa revista, assim como de evitar o Record, pois este aproveitou esta estatística para fazer notícia. Concluindo, fica aqui a minha lista:

1.º Celtic Glasgow
2.º Liverpool
3.º Fenerbahçe
4.º AC Milan
5.º Galatasaray
6.º Boca Juniors
8.º Flamengo
7.º River Plate
9.º Real Madrid
10.º Shalke 04

Wednesday, January 02, 2008

Janela de transferências em Inglaterra

Desde 2001/02 que a janela de transferências existe na Liga Inglesa. Como Camacho disse recentemente, não é o momento ideal para reforçar, pois os valores pedidos a meio da época pelos clubes costumam ser mais elevados que na janela principal de transferências: a de Verão.
Contudo, é na época de transferências de Janeiro que muitos campeonatos se ganham. Lembro-me por exemplo de Mbo Mpenza, André Cruz e César Prates como elementos fulcrais do Sporting na conquista do campeonato nacional português de 2000.
Em Inglaterra, por o campeonato ser muito desgastante e repleto de jogos, não vão ser duas ou três contratações natalícias que vão mudar muito aquilo que de início foi projectado. Tais contratações dão-se mais devido a lesões de jogadores titulares do que propriamente por mudança do plano inicial (possivelmente isto deriva do facto dos treinadores se manterem mais tempo no cargo). Ainda, desde 2001/01 já ocorreram diversas transferências no maior campeonato inglês. O jornal The Sun (estranhamente uma referência recente dos meus escritos) publicou um top das melhores, que aqui deixo e comento:

10: Patrice Evra - 8M €, do Monaco para Arsenal em 2006 - Veio no mesmo pacote de Vidic e tal como o sérvio, ganhou lugar de destaque na defesa dos campeões ingleses. Muito rápido e entre os nomeados para a equipa da UEFA de 2007.

9: David Bentley - Quantia desconhecida, do Arsenal para Blackburn Rovers em 2006 - Sem oportunidades no Arsenal, transferiu-se para os Rovers e aí garantiu à custa de grandes exibições um lugar na selecção inglesa.

8: Robbie Fowler - Livre, de Manchester City para Liverpool em 2006 - Contratação com mais resultados no público de Anfield do que propriamente em campo. Os seus 4 golos em 6 jogos permitiram-lhe bater o recorde de golos de Dalglish pelo Liverpool, mas não chegaram para alcançar as posições de topo no campeonato.

7: Emmanuel Adebayor - 10M €, do Monaco para Arsenal em 2006 - Wenger apostou neste jovem avançado que cedo os adeptos do Arsenal chamaram de "novo Kanu". De impacto imediato (marcou 21 minutos depois da sua estreia oficial, jogo que o Arsenal ganhou por 2-0), continuou a marcar com regularidade mas acabou por ser preterido na final da Champions com o Barcelona. A época de 2007/08 já demonstrou que Adebayor não é avançado de ficar no banco.

6: Robbie Savage - 4M €, do Birmingham para Blackburn Rovers em 2005 - Contratação brilhante, tendo-se tornado um jogador de culto para os fans do Rovers, muito devido à sua visão dos acontecimentos (incapaz de fazer e dizer coisas sem sentido) e às suas boas exibições.

5: Dean Ashton - 10M €, do Norwich para West Ham em 2006 - Almejando alcançar uma boa classificação, o West Ham bateu o seu recorde de transferências por um só jogador quando contratou Ashton. O resultado não foi propriamente brilhante, mas por pouco não ganharam a Taça de Inglaterra ao Liverpool em 2006.

4: Matthew Upson - 1,5M €, do Arsenal para Birmingham em 2003 - Quando foi contratado o clube encontrava-se quase condenado à descida, contudo conseguiu escapar da mesma devido a contratações cirúrgicas na janela de Janeiro, entre elas Upson, elemento fundamental em 7 vitórias nos últimos 11 jogos dessa temporada.

3: Javier Mascherano - Quantia desconhecida, do West Ham para Liverpool em 2007 - Ajudou e muito o clube de Liverpool na sua caminhada europeia ruma a outra final da Champions e tornou-se numa referência no meio-campo da equipa, logo a seguir a Gerrard. Nota-se no entanto que está adaptado ao estilo de jogo do Liverpool mas não ao estilo de jogo inglês.

2: Kieran Richardson - Empréstimo do Man Utd ao WBA em 2005 - Efectuou no tempo em que esteve emprestado um golo histórico que permitiu ao clube salvar-se da descida de divisão e permitiu-lhe um lugar no plantel principal do Man Utd para a época seguinte, no qual não conseguiu atingir o estrelato que muito lhes auguravam.

1: Nemanja Vidic - 10M €, do Spartak Moscovo em 2006 - No espaço de dois anos tornou-se num dos melhores defesas da Premierleague. Robusto e excelente no jogo aéreo, tem um óptimo sentido posicional. Poucos defeitos tem, mas por vezes parece duro de rins face a avançados muito móveis.