Monday, May 24, 2010

Portugal 0 - 0 Cabo Verde: Análise


Portugal fez hoje o primeiro teste rumo ao Mundial da África do Sul e a coisa não correu lá muito bem, aliás, tratou-se de uma clara demonstração do que está mal na selecção, o que tem o seu óbvio lado negativo, mas que por outro lado pode ser visto também de forma positiva.

Do lado negativo, a cerca de 3 semanas do Mundial a selecção mostra uma fragilidade ofensiva fora do normal. Os extremos até funcionam, mas na área não há quem seja capaz de se movimentar de forma ideal para marcar os golos. Tanto a necessidade exagerada de Ronaldo querer participar no jogo ofensivo como a má forma de Liedson e a lentidão de Hugo Almeida são factores que têm que ser trabalhados de forma rápida e eficaz para que não sejam esses mesmos factores os motivos de um falhanço no Mundial que parece mais realizável do que seria suposto. Ainda do lado negro da força portuguesa, Deco está a anos-luz do mágico que encantou o Porto. É hoje um jogador lento, em claro declínio e a pensar mais naquilo que ainda pode ganhar monetariamente do que desportivamente. Carlos Martis ou Hugo Viana têm lugar de caras no lugar de Deco e Queiroz será responsabilizado pelo insucesso da sua escolha. O pior mesmo é sabermos desde já que o seleccionador nacional continuará a apostar no luso-brasileiro que pouco ou nada trará a Portugal. Por bem da selecção das quinas, seria bom que Deco se lesionasse ou não pudesse ir ao Mundial, e digo isto de forma triste, pois não desejo a dor a ninguém, mas não vejo outra forma de Queiroz corrigir a tempo o seu erro na convocatória.

Passando ao lado positivo do jogo, este foi um bom teste para demonstrar tudo o que está mal, logo dando à equipa técnica os sintomas da doença de forma a que se possa remediar ou mesmo curar a tempo do Mundial começar. E isto é tudo o que de positivo este jogo teve no plano técnico-táctico. No plano dos jogadores, destaque para três unidades:

O Bom: Fábio Coentrão
Tinha dúvidas se o benfiquista teria a capacidade necessária para fazer na selecção o que faz no seu clube e hoje ficou provado que realmente é capaz. Com ele na defesa em vez de Duda, Portugal ganha mais coesão defensiva, mais apoio ao ataque, mais chegada à linha e mais juventude. Perde apenas em experiência, mas isso é o menos.

O Mau: Deco
Já falei dele anteriormente e não me vou alongar muito mais: não dá à selecção aquilo que devia dar. É um campeão, mas não o vejo a fazer a diferença na África do Sul.

O Vilão: Cristiano Ronaldo
Já vai sendo hábito que Ronaldo se agarre demasiado à bola, participe da pior forma na construção do ataque, que se mostre ansioso e revoltado e adicione-se agora, que tente fazer golos com a mão como se tivesse piada na sua situação. Acho Ronaldo um fora-de-série e penso que lhe falta um golo nas Selecção para acalmar as ideias e voltar a fazer a diferença da melhor forma que o faz no seu clube: encantando a plateia e fazendo golos e jogadas magníficas.

Saturday, May 22, 2010

Notas da grande final: Bayern 0 - 2 Inter


Milito. O Homem do jogo. O avançado do momento. Messi é grande, mas Milito mostrou-se maior que o pequeno argentino nos últimos 3 jogos do Inter marcando 4 golos que valeram 3 títulos. Sensacional!

Mourinho. És Grande Mourinho! Igualou em menos de 10 anos o número de Champions conquistadas por Ferguson em mais de 30. Tem um dom. Não é defensivo, mas sim ganhador. Entrou na história do Porto, Chelsea e agora do Inter. Mesmo que encerrasse amanhã a carreira de treinador seria sempre dos mais vitoriosos da história do futebol.

Zanetti. Lembro-me bem do Inter nos anos 90 e o martírio pelo qual passava o argentino, sempre capaz de tudo por uma equipa que raramente o acompanhava. Metia pena vê-lo lutar de forma tão inglória. Hoje é rei na Europa, algo que se sempre mereceu ser.

Robben. O que disse sobre Zanetti vale para Robben. Merecia mais, pois correu e tentou todo o jogo, mas hoje não era a sua noite. Hoje, mesmo que não tenha sido decisivo, provou que é um fora-de-série.

Bayern. Foram dos vencidos mais honrados que vi nos últimos anos. Aplaudiram a consagração do rival, revelaram grande cordialidade na hora da derrota e, apesar da tristeza, foram certamente campeões do fair-play.

Apostas para o Mundial 2010: As Decepções

A minha maior dificuldade para a escolha das selecções que desiludirão no Mundial prende-se com o facto de já ter colocado Portugal e Argentina no lote das incógnitas, visto que, após o anúncio dos 23 convocados, tanto por Queiroz como por Maradona, tenho que reconhecer que dificilmente estas duas selecções farão um bom campeonato. É bem verdade que têm os 2 melhores jogadores do Mundo nas suas fileiras mas, tirando os extremos em Portugal e os atacantes na Argentina, estas selecções passam ao lote da quase vulgaridade. Assim, e como no que está feito não se pode mexer, segue-se então a minha aposta para as selecções que, com grande certeza minha, vão falhar no Mundial:

Holanda
Parte como uma das favoritas aos lugares do pódio mas penso que não chegará lá. Parte num grupo acessível tendo em conta a boa campanha de apuramento e o bom momento da equipa, contudo penso que quando chegar a fase a eliminar, a Holanda cairá imediatamente, tal como o tem feito nos últimos torneios. Não lhe falta qualidade nos jogadores, mas falta-lhe liderança no banco.

Pontos fortes: Robben num excelente momento de forma, aliado à recuperação de Van Persie. Sneidjer, Van Bommel e Kuyt têm todos uma força de vontade capaz de derrubar as barreiras mais difíceis. Suplentes jovens e de grande valor, com capacidade de dar algo mais à equipa.
Pontos fracos: Van Marwijk tem sido consensual mas ainda não teve qualquer mata-mata como prova do seu valor. É uma selecção em fase de rejuvenescimento e a aposta na juventude pode ser perigosa, tal como aconteceu no Euro 2008. Exceptuando Robben e Sneidjer, os jogadores mais importantes da Holanda a jogar no estrangeiro tiveram uma época muito pobre.

França
Tal como Portugal a França cometeu o erro de anunciar antes do torneio começar o novo treinador da selecção. Como se viu pelo exemplo de Scolari no Euro 2008, a coisa não correu muito bem. Além disto, a selecção francesa, preparada para as fases finais, parece chegar à África do Sul sem grandes mudanças respectivamente a 2008, o que pode por um lado é positivo pois há uma ideia de equipa e de plantel, se bem que pelo outro lado pode potenciar a acomodação de certos jogadores mais experientes.

Pontos fortes: Ribéry está a recuperar a chama que mostrou nos primeiros tempos na Alemanha, assim como Anelka, que parece viver uma nova juventude. A experiente defesa é das melhores do Mundial. Lloris oferece garantias na baliza que nem Barthez conseguiu dar aos franceses.
Pontos fracos: Domenech é o grande ponto fraco desta equipa. A sua teimosia e má-disposição constante (ou má educação, como se queira) não ajudam em nada esta selecção. Ainda que seja muito boa, falta na defesa um líder natural como Desailly ou Blanc. Benzema não teve a melhor das temporadas, mas é a opção natural para substituir Anelka ou Henry.

Camarões
Tal como na recente CAN não me parece que esta selecção chegue muito longe. Pode até jogar em casa e pode até ter nas suas fileiras dos melhores jogadores africanos da actualidade, contudo falta-lhe a continuidade necessária para se apresentar como candidato a uma fase avançada da competição. Nos momentos decisivos esta selecção costuma dar tudo por tudo, no entanto sofre de um terrível síndrome de superioridade face a adversários teoricamente mais fracos. Não me admirará nada se ganhar à Holanda e perder frente ao Japão ou Dinamarca.

Pontos fortes: Eto'o é dos melhores avançados do mundo e chegará com a moral em alta ao Mundial. Alex Song e o veteraníssimo Rigobert Song oferecem a esta selecção uma solidez que falta a outras selecções africanas. Paul Le Guen é uma real mais-valia para o combinado dos Camarões.
Pontos fracos: Os nomes não ganham jogos, mas é bem verdade que há muitos jogadores de escalões secundários nesta equipa, o que se traduz em ausência de opções reais para a equipa base. As faixas laterais desta selecção aparentam ser de muito fraco nível.


África do Sul
O país organizador deste Mundial deve a si mesmo uma boa participação na prova de forma a que o Mundial não caia no esquecimento colectivo, levando a que boa parte dos jogos decisivos se joguem em estádios vazios. Os jogos de preparação têm sido um cruel atestado de fraco nível futebolístico a esta selecção africana. Os bons jogadores no estrangeiro são poucos e o treinador caiu um bocado de pára-quedas. Espera-se no entanto que, tal como em 2002, o público e as arbitragens favoreçam a equipa organizadora. Pessoalmente acho que nem assim chegam muito longe.

Pontos fortes: o jogar em casa é o ponto mais forte desta equipa, o que não é definitivamente bom sinal. Mokoena, Piennar e McCarthy terão que estar em dia sim se a África do Sul quiser chegar no mínimo à 2ª fase. Parreira é, tal como Le Guen nos Camarões, uma mais-valia.
Pontos fracos: No geral, fraco nível do onze e péssimo nível dos suplentes. No particular falta experiência competitiva a cerca de dois terços do plantel.

Wednesday, May 19, 2010

O rídiculo

Maradona prosseguiu hoje o seu processo de suícidio desportivo ao anunciar a lista definitiva para o Mundial 2010. Se, efectivamente, são estes os representantes albicelestes no Mundial, Maradona comete assim vários e graves erros que dificilmente serão desculpados pelo povo que hoje, ainda ama o astro sul-americano.

A convocatória

Guarda-redes:
Andujar (Catania/ITA)
Sérgio Romero (AZ Alkmaar/HOL)
Diego Pozo (Colón)

Defesas:
Ariel Garce (Colón)
Clemente Rodriguez (Estudiantes)
Burdisso (Roma/IA)
Walter Samuel (Inter/ITA)
Otamendi (Vélez Sarsfield)
Demichelis (Bayern/ALE)
Heinze (Marselha/FRA)

Médios:
Mascherano (Liverpool/ING)
Jonas Gutierrez (Newcastle/ING)
Mario Bolatti (Fiorentina/ITA)
Juan Veron (Estudiantes)
Javier Pastore (Palermo/ITA)
Maxi Rodriguez (Liverpool/ING)
Di Maria (Benfica/POR);

Avançados:
Aguero (Atlético de Madrid/ESP)
Higuain (Real Madrid/Esp)
Messi (Barcelona/ESP)
Diego Milito (Inter/ITA)
Tevez (Manchester City/ING)
Martin Palermo (Boca Juniors).

Os erros

Vou deixar o pior para o fim. Por agora falarei apenas no que é bom, isto é, o ataque da Argentina. Já aqui neste blog tinha sido referido que a Argentina apresenta-se na África do Sul com um ataque de sonho, do qual fazem parte o melhor do Mundo (Messi), o futuro melhor do Mundo (Agüero), um dos avançados mais em forma do momento (Milito), o jogador que qualquer treinador - excepto Ferguson - gosta de ter na equipa (Tévez) e um dos grandes ídolos do Real Madrid (Higuaín). Poderia aqui figurar um dos melhores avançados europeus da actualidade (Lisandro) mas Maradona optou por um avançado em declínio de carreira mas do seu clube do coração (Palermo). Começa aqui um dos muitos erros cometidos por Maradona.

Na defesa a aposta é clara na veterania (Burdisso, Samuel, Heinze e Demichelis) o que torna ainda mais inexplicável a ausência de Zanetti, do qual mais a frente voltaremos a falar. Preenchem as vagas dois jogadores que disputam o campeonato argentino (Ariel Garce e Clemente Rodriguez), dos quais se espera que tenham problemas de adaptação aos tacticamente evoluídos jogadores europeus. Recuando um pouco mais, o guarda-redes titular será Romero ou Andujar, ambos jogadores de nível secundário, muito longe dos guarda-redes das selecções rivais que defendem os melhores clubes europeus (Júlio César, Casillas, Buffon ou Lloris).

Passamos agora ao pior: não convocar Cambiasso é quase um crime, mas deixar de fora Lucho Gonzalez é de quem não está a par do futebol actual. Percebo o fascínio de Maradona pelo Calcio, onde jogou e foi estrela, mas dificilmente se percebe como é possível deixar de fora um dos médios mais completos do futebol mundial e campeão em França, apostando ao invés num jogador que não se conseguiu afirmar em Portugal (Bollatti), num campeão da 2ª Liga Inglesa (Gutierrez) ou num velhote (Véron), que apesar de continuar a ser um grande líder, não tem certamente pernas para acompanhar os jovens talentos do Mundial. Até a aposta em Maxi Rodriguez é, no contexto de hoje, muito arriscada, pois saiu do Atlético para se afirmar em Liverpool, falhando claramente nessa mudança. Por fim, Zanetti seria, quanto a mim, um nome que devia figurar em qualquer equipa do planeta devido à continuidade e constância que leva na última década, mas estranhamente não faz parte da lista de Maradona.

Podíamos ainda incluir Aimar, Riquelme, César Delgado ou Zaraté na discussão mas tudo isso são opções que terão a sua explicação quando Maradona tenha que responder pelo fiasco que será a Argentina neste Mundial. Neste momento não dou nada por eles, mas já se sabe como é o futebol...

Sunday, May 16, 2010

Benfica - e depois do título?


O Benfica sagrou-se campeão nacional de futebol com inteiro mérito e justiça. Teve o melhor ataque e a melhor defesa da prova, um jogador seu venceu a Bola de Prata, foi o clube com mais vitórias e menos derrotas e o que praticou melhor futebol.
Se é verdade que a equipa encarnada se destacou pela regularidade e versatilidade dos seus jogadores, também não é menos verdade que alguns se destacaram dos demais.

David Luiz, para mim o jogador deste campeonato, foi a personificação do espírito da equipa em campo e quem mais levou para o relvado as ideias de Jorge Jesus: pressão, antecipação ao adversário, disputa dos lances até ao fim, sempre com o ataque nos olhos, alegria a jogar e, como diz o cântico, a "raça, querer e ambição". Di María foi o "fura-defesas" de serviço, com as suas arrancadas em velocidade e assistências mortíferas. Cardozo destacou-se pelos golos que o consagraram melhor goleador da liga, 19 anos depois de Rui Águas. Javi García e Ramires foram, embora de maneiras distintas, os pontos de equilíbrio da equipa. Aimar e Saviola trouxeram a classe que havia faltado em épocas passadas às equipas do Benfica. Fábio Coentrão revelou-se finalmente como jogador de um clube grande, numa notável adaptação a lateral-esquerdo. Foram estes os grandes esteios da equipa encarnada esta temporada, logo seguidos por um lote de quatro jogadores que, pela sua regularidade ou utilidade, deram o seu importante contributo: Luisão, como o sereno patrão da defesa mas capaz de dar o grito de revolta e de alerta à equipa (apenas ofuscado pela grande época de David Luiz); Rúben Amorim, pela sua regularidade exibicional e versatilidade; Carlos Martins, pela garra, capacidade de passe e remate que deu à equipa, nunca se coibindo de assumir as rédeas do jogo e empurrando a equipa para a frente; e Wéldon, por ter sido uma opção mais que válida para o ataque (sobretudo tendo em conta o valor da sua aquisição), chegando mesmo a ser decisivo na ponta final do campeonato.

Por outro lado, toda a gente o afirmou e tem de ser dito mais uma vez: o trabalho de Jorge Jesus foi o grande pilar deste Benfica campeão. Incutiu uma mentalidade atacante, que uma equipa como o Benfica num campeonato como o português só pode ter. Foi capaz de encontrar nuances tácticas que equilibraram a equipa a defender e lhe deram asas para atacar. Deu liberdade a David Luiz para subir no terreno com a bola controlada e criar assim desiquilibrios e linhas de passe que antes não existiam, deixando Luisão como elemento mais recuado e ficando sempre lá atrás, sendo que Javi García se movimentava para colmatar as subidas de David Luiz. "Transformou" com sucesso Fábio Coentrão em lateral-esquerdo, num jogador onde a qualidade já lá estava mas pedia a orientação de um treinador experiente, formando ala esquerda terrível com Angelito Di María, outro jogador que finalmente "explodiu" por virtude de JJ, dando-lhe mais sentido colectivo sem nunca perder a liberdade da acção individual, onde as características do jogador são excepcionais. Pôs (finalmente) a equipa a jogador para Cardozo e o goleador paraguaio correspondeu ao ser o melhor marcador da prova. Teve em Ramires elemento fundamental nas transições defesa-ataque-defesa da equipa, sendo o brasileiro capaz de ocupar as subidas de Maxi Pereira ou Amorim a defender ou sair para o ataque em velocidade. Pôs também a funcionar a dupla Aimar-Saviola, dando as rédeas da equipa ao nº 10 para gerir os ritmos de jogo e jogou com as características do "Conejo" para efectuar movimentações e triagulações a deixar jogadores na cara do golo.

Falta saber agora quem fica e quem sai, para JJ melhor planear a temporada 2010/11, o que provavelmente só acontecerá depois do Mundial da África do Sul. Di Maria e Cardozo são os prováveis candidatos à saída, não excluíndo nomes como David Luiz e Ramires ou mesmo Luisão, Saviola ou Aimar, jogadores que já tiveram propostas em carteira.
Prováveis saídas serão as de Jorge Ribeiro, Luís Filipe, Moreira, Mantorras e Shaffer, aos quais poderá estar associado o nome de Éder Luís e Weldon ou Nuno Gomes, sendo que o clube deverá equacionar os empréstimos de Fellipe Menezes, Miguel Vítor, Urreta e mesmo Roderick Miranda. A renovação de Quim é, para já, ainda uma incógnita.
Não esquecer que o clube tem assegurados os passes do avançado Jara, de Nicolas Gaitán e de Fábio Faria para a próxima época.

Dando uma última opinião a nível de reforços, estes estão dependentes, como é óbvio, da saída deste ou daquele jogador, ainda assim o Benfica deveria reforçar-se na baliza, isto apesar da renovação ou não de Quim, e procurar finalmente um guarda-redes de qualidade indiscutível para ser titular pela selecção do seu país e dar tranquilidade à equipa, sobretudo nas bolas paradas e nos cruzamentos para a área, situações onde se sabe que os "keepers" do clube e os portugueses em geral têm dificuldades. Júlio César é talvez a única garantia de permanência. Na lateral direita falta uma alternativa a Maxi (Patric foi emprestado e não se sabe ao certo o seu real valor) pois Rúben Amorim cumpre a posição sem qualquer problema mas ainda assim continua a ser uma adaptação. Na esquerda, de César Peixoto fica a ideia de ainda não ser uma opção sólida, apesar de ter qualidade mais que suficiente para tal, sendo que foi uma lacuna colmatada com a boa adaptação de Coentrão ao lugar. Luisão, David Luiz e Sidnei estarão garantidos para a próxima época, faltando saber qual dos jovens fica, se Miguel Vítor se Roderick. No meio-campo, Rúben Amorim, Ramires, Carlos Martins, Javi Garcia, Airton e Aimar deverão todos ficar, sendo que o Benfica se deveria reforçar para o "miolo", alguém que possa ser opção a Ramires, um médio todo-o-terreno, que possa libertar Carlos Martins para as funções de "10". Nas alas, eminente que está a saída de Di Maria (acautelada com a aquisição de Gaitán) falta alguém que possa fazer de extremo puro, sobretudo pela ala direita, quando as exigências do jogo assim o determinarem, situação que tem sido debelada pela classe de Ramires sobre a ala destra do meio-campo. Para o ataque, as coisas estão mais incertas, dependendo da saída de Cardozo e de nomes como Nuno Gomes, Mantorras, Éder Luis e Weldon. É provável que a sair Tacuara, a aposta seja feita no jovem Kardec para acompanhar Saviola, dado o tipo de jogador, não sendo de descartar a aquisição (para além de Jara) de um avançado capaz de ser goleador de serviço.

Veremos como JJ e LFV arquitectam a próxima época dos encarnados, quer em termos de colmatar eventuais saídas com jogadores de real categoria, quer em termos da continuação do modelo de jogo e da regularidade exibicional dos jogadores que se vão manter no plantel.

Friday, May 14, 2010

Os Viriatos

Parece que pegou a sugestão de Carlos Queirós para baptizar esta nova selecção. Nomes à parte, aqui fica também um comentário aos convocados para o Mundial de 2010.
Muito directamente, há jogadores que pura e simplesmente não têm categoria para estarem integrados na selecção portuguesa, casos de Rolando, Duda, Daniel Fernandes, Beto, Ricardo Costa e Zé Castro. Outros tiveram uma época tão medíocre que não deveriam ter sido chamados, como Raúl Meireles. Outros ainda são jogadores que em nada acrescentam à equipa, não sendo mais valias para momentos de aflição ou de tentativa de superar adversários, como Danny ou Pedro Mendes, apesar de já terem dado provas de poderem ser úteis num ou noutro encontro.
Assim sendo sobram Eduardo, Miguel, P. Ferreira, B. Alves, R. Carvalho, Pepe, F. Coentrão, Deco, M. Veloso, Tiago, Simão, C. Ronaldo, Nani, Liedson e Hugo Almeida. São 15 jogadores no total de 23 que pessoalmente incluiria nesta lista.
Chamaria assim outros jogadores que, ou por reconhecimento de uma boa época ou por aposta de futuro, deveriam ter sido incluídos.
Quim teve boa temporada a titular mas há muito que não entra nas contas de Queirós. Rui Patrício era o previsível eleito e surpreso ausente. Ambos têm muito mais qualidade do que Beto ou D. Fernandes, inquestionavelmente.
Na defesa incluiria as chamadas de Daniel Carriço ou Nunes. Nunes tem feito uma temporada brilhante de um Maiorca no 5º lugar e com a 4ª melhor defesa da liga espanhola. A chamada de Carriço seria uma aposta de futuro de um jovem com grande margem de progressão, que tem vindo a fazer exibições em crescendo e que muito poderia ganhar com uma presença nos grandes palcos e com o ambiente da turma das quinas.
No meio-campo continuo sem perceber a relutância dos seleccionadores (primeiro Scolari e agora Queirós) em apostar em João Moutinho. Raramente jogou como titular na Selecção e confere sempre uma consistência e regularidade a toda a prova, podendo funcionar como eventual alternativa a Deco na posição "10". Fez um campeonato abaixo do normal? Sim, mas também quem não o fez no Sporting esta época? Outro jogador capaz de emprestar regularidade exibicional e fazer várias posições é Rúben Amorim que, injustamente, ficou também de fora. Carlos Martins e Hugo Viana podiam, de facto e como referiu o António, dar mais criatividade a um meio-campo que me parece lento e pesado, ao mesmo tempo que poderiam tornar rapidamente um duplo pivot defensivo num meio-campo mais dinâmico e ofensivo.
No ataque as escolhas parecem-me acertadas, sendo que também não existem mais opções reais para qualquer dos lugares, ainda assim Makukula, pela boa temporada que efectuou, e Nuno Gomes, pela experiência e forma de jogar que sempre se adequou à selecção, poderiam ter sido chamados.
A minha lista final seria:

GR:
Eduardo, Quim, Rui Patrício
DEF:
Miguel, Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Daniel Carriço, Pepe, Nunes
MED:
João Moutinho, Deco, Miguel Veloso, Tiago, Rúben Amorim, Carlos Martins
AVA:
Liedson, Cristiano Ronaldo, Simão, Nani, Hugo Almeida e Nuno Gomes

Monday, May 10, 2010

Comentário à lista de Portugal para o Mundial

Carlos Queiroz divulgou a lista de convocados para o Mundial da África do Sul, deixando claro que tirando uma ou outra excepção por lesão ou opção, a lista final não andará muito longe desta. Passemos então à análise por sectores:

Guarda-redes:
Eduardo, Beto, Daniel Fernandes

A grande ausência nesta posição é Quim que, não fazendo parte das opções de Queiroz já há muito tempo, acaba por não constituir grande surpresa. Essa sim, ficou reservada para a inclusão de Beto, que com uma boa ponta final de campeonato acabou por suplantar a irregularidade de Rui Patrício. Hilário, apesar de ter sido convocado em alguns jogos, não conseguiu a vaga. Concordo com a opção de Beto em detrimento de Rui Patrício, não concordo em absoluto com a chamada de Daniel Fernandes pois não tem projecção, experiência e carisma para a selecção neste momento. Quim merecia a chamada, mas com este seleccionador nunca teve grandes hipóteses.

Defesas:
Paulo Ferreira, Miguel, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Rolando, Ricardo Costa, Duda, Zé Castro, Fábio Coentrão

Um exagero de defesas na lista, devido à fraca forma física de Ricardo Carvalho, Rolando e Pepe, todos recuperados de recentes lesões. A chamada de Ricardo Costa acaba por ser um prémio para a sua regular temporada, ao passo que Zé Castro é escolhido por motivos que só Queiroz sabe, pois se Moutinho não foi convocado é devido à má temporada que fez, tal como aconteceu como Zé Castro, daí não fazer sentido por esse motivo. Se por outro lado, o motivo é a polivalência, Ruben Amorim seria sempre o nome a indicar. Nas laterais, nada de novo exceptuando a convocação de Coentrão que já tinha sido chamado recentemente.
Concordo com o núcleo duro de jogadores que realizaram a fase de qualificação, mas não concordo com a chamada de Zé Castro e de Ricardo Costa, pois existiam melhores opções: o já referido Amorim, além de Carriço ou Nunes. O central do Mallorca, mais do que todos, merecia ser chamado pela brilhante temporada que fez.

Médios:
Pepe, Pedro Mendes, Raul Meireles, Deco, Miguel Veloso, Tiago

Moutinho é o grande ausente da lista para o Mundial, provando que a sua má época pelo Sporting foi crucial nesta decisão. Nota-se nas escolhas que apenas Deco é um verdadeiro criativo, ao passo que Tiago é o que mais se aproxima dessa função, no entanto é um meio-campo muito pesado e defensivo que poderá trazer muitos problemas a Portugal na hora de criar perigo pelo centro do terreno. Concordo com a inclusão de Pedro Mendes pois trata-se de uma opção real para o meio-campo, ao contrário de Miguel Veloso que foi chamado para este sector mas deverá tornar-se numa última opção caso alguém do meio-campo ou da lateral esquerda se lesione. Pessoalmente chamaria Carlos Martins e/ou Hugo Viana para acrescentar criatividade ao meio-campo, em, detrimento de defesa central.

Avançados:
Simão, Cristiano Ronaldo, Nani, Danny, Liedson, Hugo Almeida

Sem surpresas no ataque, Liedson só deverá jogar com Hugo Almeida em desespero de causa. Nani e Simão ficarão encarregues das alas, ao passo que Ronaldo terá maior liberdade de movimentos. Danny surge como opção secundária para qualquer um dos lugares. Makukula, apesar da excelente campanha na Grécia, nunca foi opção para Queiroz. Ainda assim, concordo com todos os nomes para a frente de ataque.

Apostas para o Mundial 2010: as Incógnitas

Quais as selecções que tanto podem fazer um brilharete como decepcionar os seus adeptos logo no começo da prova?
Depois dos favoritos, seguem-se as incógnitas do Mundial 2010.

Argentina
Parte para a prova com a frente de ataque mais temível e completa do mundo, algo que era costume o Brasil apresentar. O melhor jogador do mundo é argentino, mas parece dar-se mal com a táctica do polémico Maradona. Qualificaram-se "à rasquinha", no entanto costumam ser adversário temível em provas a eliminar.

Pontos fortes: Messi, Tévez, Milito, Agüero ou Lisandro são dos melhores avançados da actualidade, poder escolher deste lote é uma verdadeira prenda. A Argentina até pode jogar mal, mas tem em Messi um elemento capaz de virar do avesso um jogo. Os médios de contenção Cambiasso, Gago e Lucho chegam ao Mundial num grande momento.

Pontos fracos: Pressão abismal sobre Maradona. Messi precisará de mostrar serviço se quer entrar na História. É talvez a defesa mais fraca que a Argentina apresentou nos últimos 20 anos. Falta de um guarda-redes de qualidade inquestionável.

Itália
Devido à facilidade do seu grupo inicial e ao bom cruzamento nos Oitavos, a Itália tem tudo para chegar tranquilamente aos Quartos. Se cair nessa fase significa que a squadra se calhasse num grupo mais difícil (como o de Portugal) logo ao começo dificilmente o passaria. Assim, não passar os Quartos será sempre uma decepção na minha opinião. Os italianos chegam ao Mundial sem grande acutilância, registando exibições negativas com medíocres, salvando-se sempre pelos resultados mínimos mas positivos.

Pontos fortes: Se o Inter for campeão europeu, a nação italiana - perturbada pela recente perda de influência no futebol europeu - chegará ao Mundial com fé em si mesmo. Lippi, apesar da teimosia das escolhas, é um fora-de-série no que respeita à construção de equipas e conquista de títulos. Apresenta-se com melhores avançados do que em 2006.

Pontos fracos: Muitos, a começar pela táctica defensiva sem os excelentes defesas de outrora (os de agora deixam muitos espaços e são lentos), continuando pelo fraco rejuvenescimento do plantel após a conquista do Mundial 2006, acabando na ausência de fantasistas capazes de tirar um coelho da cartola quando a situação se complica. A pressão de ser campeã em título também não ajuda.


Portugal

Qualificou-se com o credo na boca e chega ao Mundial com muitas dúvidas na defesa, ainda assim possui alas capazes de destruir por completo os modernos sistemas de losango e de duplo pivot defensivo. O esqueleto das equipas de Scolari mantém-se em Queiroz, contudo o português é mais aberto a novas experiências.

Pontos fortes: Cristiano Ronaldo, obviamente. O ex-melhor do mundo continua em grande forma e que provar neste Mundial - assim como Messi - que é capaz de fazer a diferença em qualquer que seja a competição. Bruno Alves, Pepe e R. Carvalho são defesas centrais muito difíceis de bater. Se passarem o grupo da morte chegarão com moral acrescida à fase seguinte.

Pontos fracos: O defesa esquerdo titular Duda costuma jogar a extremo no seu clube e Veloso (seu natural substituto) perde qualidade quando aí joga. Deco já não é o mágico que encantou Portugal. Falta de um ponta-de-lança letal, problema crónico desta selecção. Se falharem no primeiro jogo (Costa do Marfim), dificilmente têm capacidade para recuperar.


Outras apostas do Mundial 2010:
- Os Favoritos

Sem explicação

Como é possível que Totti, depois do cartão vermelho que recebeu na final da Taça de Itália, tenha jogado na jornada seguinte da Liga?

Soube-se hoje, depois de decorrida a jornada 37, na qual Totti jogou e marcou dois golos que possibilitaram o adiar da decisão do título para a última jornada, que o internacional italiano será suspenso por 4 jogos devido à agressão a Balotelli no jogo da final da Taça. No entanto Totti jogou a jornada seguinte, cumprindo assim castigo apenas no último jogo do campeonato e na próxima temporada.

Razão tem Mourinho quando afirma que a Liga Italiana tem que mudar muito se se quiser equiparar à Liga Espanhola, Inglesa e mesmo a da Alemanha. Depois da final da taça ter sido disputada na casa de uma das equipas, surge agora esta situação, mostrando que o Calcio precisa de mudar com urgência algumas das suas regras mais básicas. Mourinho já ajudou alertando para estas situações, falta agora que os dirigentes italianos o ouçam.

Saturday, May 01, 2010

Apostas para o Mundial 2010: os Favoritos

Seguindo o artigo do Pablo no seu blog "La Cola De Vaca", gostava igualmente de deixar claras as minhas ideias para o Mundial que aí se avizinha. Falarei de tudo um pouco até ao comçeo da prova, incluíndo selecções favoritas, jogadores que podem fazer a diferença, possíveis surpresas, decepções futuras e bombos da festa. Fica aqui então o primeiro artigo sobre os favoritos.


Espanha
É favorita porque é seguramente a selecção mais forte do momento a par do Brasil. Campeã europeia em título, a selecção espanhola conta com um meio campo fora de série, fulcral para a sua táctica de tiqui-taca e transições pensadas a cada passe. A defesa conhece-se bem e os seus avançados são do melhor que há.

Pontos fortes: meio-campo mágico, segundas opções de grande classe, seleccionador experiente.
Pontos fracos: defesa esquerdo, cansaço acumulado devido à luta fratricida entre Real e Barça pela Liga. Jogo dos Oitavos-de-Final promete ser um verdadeiro teste.


Brasil
Presente em todas as fases finais dos Mundiais, o Brasil é um crónico candidato a ser campeão mundial. Não possui hoje um avançado-centro da classe de Ronaldo ou Romário, mas tem em Dunga um treinador capaz de lidar com a pressão. Apresenta-se para este Mundial com opções defensivas mais sólidas que as ofensivas. A adaptação ao clima africano não será problema.

Pontos fortes: Júlio César é possivelmente o melhor guarda-redes da actualidade. Maicon promete ser um dos ases do Mundial. Segundas opções.
Pontos fracos: Kaká, Pato e Diego não tiveram uma boa época. Robinho e Adriano podem não aguentar a dureza da competição. Grupo que não deixa margem de erro.


Inglaterra
O caminho foi longo, mas desta vez a Inglaterra surge no Mundial como favorita à vitória. Capello foi a figura-chave no trajecto desta selecção, dando-lhe a confiança e as regras necessárias para que os jogadores ingleses funcionem como uma verdadeira equipa. A pressão dos media será uma vez mais insuportável, mas com Capello a situação afigura-se diferente.

Pontos fortes: Rooney. Opções ofensivas para todos os gostos (velocidade, altura, peso). Espírito de equipa como há muito não se via, graças a Capello. Bom sorteio.
Pontos fracos: Casos como o affaire Bridge-Terry são comuns nesta selecção. Não tem guarda-redes à altura do resto da selecção. As segundas opções defensivas são medíocres.