Sunday, February 03, 2008

Comparação: Portugal e Costa do Marfim

Actualmente são duas das selecções mais empolgantes do planeta, virtude que começou a desenhar-se desde o início da década, culminando (até hoje) com a participação no Mundial 2006, no qual encantaram. Contudo, tanto Portugal como a Costa do Marfim são selecções que não conseguiram atingir o Olimpo, perdendo as finais do Euro2004 e da CAN2006 respectivamente, deixando o gosto amargo da desilusão que o futuro poderá vir a fazer esquecer. Para já, Portugal tem no Euro2008 uma prova de fogo ao rejuvenescimento da selecção, ao passo que a Costa do Marfim tem na CAN de 2008 talvez a última oportunidade de ganhar a prova com o contributo do ídolo Drogba. Num exercício de comparação individual dos jogadores, poderemos perceber que ambas as selecções não estão assim tão afastadas como o demonstra o mapa:

Guarda-Redes: Ricardo e Quim são mais experientes e muito mais rodados que as opções marfinenses Barry ou Loboue. Neste capítulo, há vantagem portuguesa.

Lateral Direito: Eboué não fica atrás de Miguel ou Bosingwa, mas a selecção marfinense perde por falta de opções.

Centrais: Touré é um grande defesa central e é bastante consistente com Meite, sendo que as opções Romaric e Zoro são bastante razoáveis. Ricardo Carvalho e Jorge Andrade são defesas de classe mundial e Fernando Meira ou Pepe são muito fortes. Vantagem portuguesa.

Lateral Esquerdo: Boka é melhor que N. Valente, J. Ribeiro ou qualquer outro adaptado a lateral esquerdo na selecção portuguesa. Vantagem marfinense.

Médios-Centro: Zokora e Yaya Touré são médios de grande impacto técnico e físico, ao passo que Petit, Deco ou Maniche são menos intensos no seu jogo, mas tremendamente eficazes. Embora Portugal tenha melhores opções no banco (Moutinho, Veloso ou M. Fernandes parecem-me melhores que Fae ou Tiené), sigo para um empate neste sector.


Extremos: Kalou, Keita ou Dindane garantem grande velocidade e criatividade aos flancos, mas a grande escola portuguesa de extremos com Ronaldo, Quaresma, Nani ou Simão dá clara vantagem a Portugal.

Avançados: Drogba é o Eusébio da Costa do Marfim, enquanto Portugal desespera que chegue um novo pantera negra. Apesar do esforço de Nuno Gomes, Makukula ou H. Almeida, Drogba e a su companhia (Sanogo , Bakari Koné e Aruna Koné) dão vantagem à Costa do Marfim.


Conclusão: Portugal ganha no conjunto dos sectores, mas tem lacunas no lado-esquerdo da defesa e no capítulo da finalização, lugares onde a Costa do Marfim está bem fornecida. Apesar de ter boas peças para todos os lugares, os elefantes têm uma gritante falta de banco para quase todos os sectores, exceptuando o ataque e o centro da defesa. Falta à Costa do Marfim maior afirmação dos elementos não-titulares nos campeonatos europeus. A equipa actual é suficiente para uma aposta ao título da CAN, mas claramente insuficiente para um Mundial. Quanto a Portugal, falta uma ala esquerda mais forte e sem adaptações e - o defeito do costume - um ponta-de-lança que finalize aquilo que os extremos criam.

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