Isaías
É dos nomes mais marcantes da história do Benfica na década de 90. Tinha tantas virtudes que não se sabe bem se era trinco, médio de transição ou número 10, sabe-se apenas que foi dos primeiros médios completos a jogar no futebol português, com resultados brilhantes nas épocas que jogou de águia ao peito. Veio para Portugal como muitos outros brasileiros, para equipas de menor dimensão. Neste caso foi o Rio Ave, onde chegou na época de 1987/88 e onde se ambientou de forma eficaz ao nosso futebol.
O Boavista, então um clube com excelentes olheiros, não deixou escapar tão grande promessa e contratou-o no ano seguinte e nas duas épocas que jogou pelos axadrezados marcou a módica quantia de 17 tentos, mostrando logo aí que não era um médio qualquer. Sem surpresa, transferiu-se para um clube de dimensão internacional: O Benfica. Pelas águias Isaías fez exibições memoráveis, como uma frente ao Arsenal (em pleno Highbury Park) em 92 onde marcou 2 golos na vitória por 3-1. Outra grande exibição foi nos célebres 6-3 ao Sporting, onde João Pinto foi secundado por um magnífico Isaías, autor de 2 golos.
Em termos de perfil desportivo, Isaías valia sobretudo pela sua raça, pois corria a todas as bolas e encorajava os colegas constantemente. Era igualmente brasileiro no toque de bola, maravilhando os adeptos com uma excelente técnica quando assim era necessário. Mas claro, o seu grande trunfo era exactamente a força que imprimia ao remate e a quantidade dos mesmos que fazia durante cada partida.
Lembro-se de um jogo em que Isaías marcou o seu golo do costume ao 11º remate! Um dado incrível, que ainda hoje gera alguma discussão. Há quem diga que só rematando é que se consegue marcar mas há igualmente quem defenda que eram remates aos desbarato, muitas vezes sem qualquer tipo de espaço ou colocação para o fazer. Seja como for, ficou para a história como um dos médios mais invejados pelos seus rivais, não só pelos seus atributos mas sobretudo pelos números: em 5 épocas pelo Benfica, Isaías marcou 71 golos em 178 jogos, ou seja, números dignos de avançado!
Isaías fez parte de equipas gloriosas do Benfica, tendo actuado (e ensinado) com grandes jogadores como Paulo Sousa, Rui Costa, Valdo, Paneira, Thern, Yuran ou Schwartz. Foi campeão nacional em 2 épocas e ganhou uma Taça de Portugal. Foi incrivelmente dispensado na razia efectuada por Manuel Damásio e Artur Jorge em 1995 e daí seguiu para Inglaterra onde jogou ao serviço do Coventry.
Ainda voltou a Portugal para jogar pelo Campomaiorense mas aí a idade já pesava. Acabou a carreira jogando futebol de praia pela selecção portuguesa e hoje dizem que é fazendeiro pelo Brasil. Apesar de tudo aquilo que deu ao país e ao Benfica, fica a ideia que Isaías saiu de Portugal pela porta dos fundos, mal amado por quem deu tanto de si. Fica no entanto para a história as exibições do pontapé-canhão que outrora resolvia à bomba (quase) todos os problemas do Benfica.
Jogador para futura análise: Jordão
2 comments:
Ganda Isaías pá! De facto foi escandaloso a forma como ele, e outros, saíram pela porta dos fundos a mando de Damásio ou do "Rei" Artur. Fica o jogador, esse sim é que enche a memória dos adeptos que guardam o seu estilo muito próprio de resolver os jogos: de chutão!
Abraço!
Ainda me lembro desse jogador tão característico..nunca ninguém sabia se ia ser golo ou se tinham descoberto o novo jogador de râguebi capaz de rematar como ninguém lolol
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