Friday, March 14, 2008

Da Presidência do Benfica

Luís Filipe Vieira, Presidente do Sport Lisboa e Benfica, tem virtudes e defeitos, como qualquer ser humano.Ao serviço do clube teve papel importante na gestão financeira, dos recursos humanos e desportivos, ainda que esta mesma situação financeira esteja, de algum modo, dependente dos resultados desportivos da equipa de futebol, nomeadamente a presença na Champions League, já para não falar nos dividendos que o clube poderia retirar do facto de ser campeão nacional, quer em termos de bilheteira quer em termos de marketing.
Quanto a mim, Vieira tem um problema que os adeptos até gostavam, no início do seu mandato, que era falar de forma frontal e quase sempre em resposta aos seus adversários directos (Soares Franco e Pinto da Costa). Agora já começa a ser entediante ouvir o presidente do Benfica. Declarações como "o Benfica vai ser, de certeza, campeão nacional" ou "vamos dar a volta por cima nesta fase mais negativa" são proferidas todos os dias e já nem os adeptos têm paciência para as ouvir.

A última vez que Vieira "meteu o pé na poça" foi com a situação de Rui Costa. Antes sequer de o maestro confirmar que seria a sua última época como jogador profissional de futebol, já Vieira apregoava que o lugar de director desportivo (vago desde a saída de José Veiga) era dele e que o queria para orientar o departamento de futebol do clube. Rui Costa, claro, sentiu-se lisonjeado com a proposta e deixou a porta aberta a tal convite. Mas a situação criada pareceu-me que gerou algum mal-estar no balneário e até junto do próprio Camacho. Não concordo que tal situação tenha levado à sua saída do comando técnico do Benfica mas foi, sem dúvida, questionada a sua força junto dos jogadores.
Aliado a estes factos, a imprensa, sempre sedenta das declarações bombásticas de Vieira, virou-se depois para Rui Costa à procura de explicações sobre o mau momento da equipa, a saída de Camacho, antecipando a sua situação de futuro director desportivo. As perguntas eram provocatórias e Rui Costa, que sempre destilou classe dentro e fora de campo, não se esquivou a elas, respondendo à letra por ver o seu bom nome posto em causa.
Mas foi a atitude de Vieira, que não sabe quando é que deve falar ou quando é que deve estar calado, que despoletou toda esta situação. E isto há muito que se vem a verificar: são demais as vezes em que LFV fala quando devia era resolver as coisas internamente e não na praça pública, através de discursos para "inglês ver".

Já chega Sr. Vieira. Aprenda, de vez, a controlar os seus ímpetos de avidez de ribalta e mantenha um "low-profile" que só lhe ficaria bem. Afinal de contas o senhor não é um político.

1 comment:

António said...

LFV não é político, mas como presidente do grupo que mais simpatizantes tem é normal que actue muitas vezes como tal.

A mim parece-me, tal como dizes, que LFV abre demasiado a goela para dizer quase sempre o mesmo. Ta-se a tornar num novo Dias da Cunha, que tanto apregoava ao sistema, mas quando instado a falar, fechava-se em copas. Tal como o ex-presidente sportinguista, também LFV anda numa cruzada contra a corrupção e viu no apito dourado o escape para as suas teorias do caos. Tal como disse pra Dias da Cunha na altura, também agora digo:

Se sabe algo que os outros nao sabem, prove-o!

Por fim, desilude-me que tal como os políticos, LFV tape o sol com uma peneira quando a equipa joga mal ou é eliminada. É nesses momentos que LFV volta à carga nos assuntos judiciais em vez de procurar dar tranquilidade à equipa. Tão simples como o exemplo portista.