Monday, March 10, 2008

O fim de uma era que ainda não acabou

Acompanhando o que o Rui referiu acerca da saída de Camacho do Benfica, é com extrema dificuldade que tento entender o que se passa do outro lado da segunda circular.
A situação do Sporting é deveras pior que a do Benfica e ainda assim, parece que tudo vai bem no reino do leão. O importante é assegurar a estabilidade do plantel e corpo técnico, para que estes possam trabalhar em paz. Pelos vistos os resultados já não contam, interessa sim que se trabalhe com calma, deixando o plantel crescer e retirando da equipa toda a pressão extra-desportiva.

Em teoria, o plano que a direcção apregoa é bom e assemelha-se ao que o Manchester United praticou quando Alex Ferguson chegou, mas na prática tal acto é de incrível dificuldade, isto tendo em conta a falta de paciência dos adeptos portugueses (ainda que os sportinguistas revelem maior paciência que os adeptos dos clubes rivais) e o fraco futebol que a equipa apresenta actualmente. Além disso, um factor crucial que não permite a consolidação deste projecto é que, ao contrário do Man Utd, o Sporting não consegue segurar as suas estrelas jovens. Da era Paulo Bento só saiu até agora Nani, mas neste Verão certamente saíra mais alguém, pois sem a Champions, o clube terá que vender alguém para consolidar financeiramente o projecto.

Ainda que o Rui critique muito o plantel do Benfica, acredito que este plantel do Sporting é pior que o dos encarnados. Para um Sporting capaz de lutar em toda as frentes apenas existem estes jogadores: Polga, Grimi, Moutinho, Vukcevic, Izmailov e Liedson. Todo o resto do plantel é substituível de forma mais ou menos fácil, até porque basta recuar poucos anos para descobrirmos melhores atletas nas posicões onde há um claro défice de rendimento.

O que é frustrante é que até podia ser um bom plantel, pois o meio-campo é forte, mas de que serve tal coisa se a táctica do losango abre espaço precisamente onde a equipa tem peças mais fortes e onde estas não podem ser úteis?

A esse facto acrescenta-se ainda as birras técnico-tácticas de Paulo Bento, que no meu ver, são piores que as de Camacho. Por exemplo, em que mundo alucinado é que Rui Patrício tira o lugar ao internacional sérvio Stojkovic, que muitos pontos deu ao Sporting no início da época? Quantas vezes tem Tonel que errar mais para ser dada uma oportunidade consistente a Gladstone? Porque não é Adrien Silva opção face à quebra de forma de Veloso? E porque não experimentar novos sistemas tácticos? O losango já é tão previsível que os adversários atacam todos em diagonal, sabendo que esse é o melhor plano para rebentar com a táctica.

Metaforicamente, o universo do Sporting é hoje constituído por um navio onde se reúnem os presidentes, que vai a reboque de uma jangada cheia de jogadores jovens, que se encontra à deriva rio (leia-se campeonato) abaixo.

1 comment:

Rui Gonçalves said...

Apesar dos ainda piores resultados apresentados pelo Sporting (quem o diz é a tabela da classificação do campeonato) creio que a situação é ligeiramente diferente da do Benfica por uma simples razão: a equipa leonina pratica bom futebol, a espaços é certo, mas ainda assim suficiente para animar os seus adeptos, dar-lhes essa tal paciência que referiste e talvez iludi-los no caminho dos bons resultados desportivos. Obviamente que isso não chega e quem se fica a rir é o senhor do costume, perante o afundar dos rivais lisboetas.
Para ambos os casos há que construir uma equipa que seja, de facto, capaz de disputar o campeonato até ao fim, segurar então os jogadores nucleares e apostar em contratações que sejam mais valias em relação aos que já lá estão. Só depois se pode começar a sonhar em ombrear com os gigantes europeus, seja na Champions ou na Taça UEFA.

Abraço!