Tuesday, March 11, 2008

Grandes jogadores adversários IV

Pedro Barbosa

Apesar de formado nas camadas jovens do Porto foi no Vitória de Guimarães que iniciou a sua carreira profissional, em 1989. Depois de duas épocas a rodar no Freamunde, regressou à cidade-berço em 1991 onde, durante quatro épocas, deslumbrou os sempre exigentes adeptos vimaranenses. Com atributos técnicos invejáveis e boa compleição física, Pedro Barbosa destacava-se no controlo da bola e na capacidade de passe e remate de meia-distância, sempre jogando de forma elegante, de cabeça levantada e conduzindo o jogo da equipa.

As exibições em Guimarães valeram-lhe uma transferência para Alvalade em 1995. Foi de leão ao peito que efectuou as suas melhores exibições e que ganhou os títulos da sua carreira: campeonato nacional (1999/00 e 2001/02), Taça de Portugal (2001/02) e Supertaça (1999/00 e 2001/02).
Apesar de jogar normalmente descaído sobre um dos flancos, nunca teve a velocidade de um extremo e nunca foi essa a sua posição natural. Porém era dotado de uma grande capacidade para guardar a bola dos adversários, oferecendo-a depois a um companheiro melhor posicionado, de uma visão de jogo ao alcance de muito poucos e um drible seco, capaz de com um/dois toques tirar os adversários do caminho. Nunca foi um jogador explosivo do ponto de vista físico mas a sua grande capacidade técnica tornava-o capaz de inventar uma jogada e decidir uma partida.
Durante dez anos vestiu a camisola do Sporting, foi capitão durante largos anos também, sendo um dos maiores responsáveis pela caminhada até à final da Taça UEFA, perdida em pleno Alvalade XXI para o CSKA de Moscovo.
Retirou-se do futebol em 2005, no meio de um conflito com os dirigentes do Sporting, tecendo-lhes várias críticas, o que impossibilitou uma saída triunfal como pretendia.

Pela Selecção Nacional estreou-se em 1992, contra a Bulgária, tendo sido seleccionado para o EURO 96 e para o Mundial de 2002 onde, não sendo utilizado em nenhum dos três jogos, decidiu retirar-se dos serviços da selecção das quinas. Contabilizou 22 internacionalizações e 5 golos.

Como já referi, pecou apenas por uma grande irregularidade exibicional, alternando exibições geniais com outras muito pobres onde era raro vê-lo tocar na bola, o que o impediu de sonhar com vôos mais altos. Fica porém a sua inegável classe e talento, a sua magnífica visão de jogo e a sensação de que o "falso lento" poderia ter dado muito mais ao futebol português pois os atributos técnicos faziam dele um jogador de eleição.


Jogador para análise futura: Isaías

2 comments:

António said...

Mais uma vez uma excelente análise. O "falso lento" provocou aos seus adeptos muitas alegrias mas igualmente incontáveis fúrias, tal o desprezo com que muitas vezes encarava os jogos.

É pena que hoje seja visto como um jogador que podia ter ido mais longe. É ainda mais penoso que se faça com ele aquela piada de que os contratos deviam ser renovados todos os anos, pois Barbosa ( e muitos outros) só jogava aquilo que sabia no último ano de contrato.

Ainda assim, foi sem dúvida um jogador acima da média e que acabou a carreira com bastantes títulos.

Abraces

Rui Gonçalves said...

Essa do contrato acho que só mesmo o Tello é que conseguiu lol. De resto, de facto é pena que um jogador da sua categoria não se tenha conseguido impor sequer na selecção, mas ao nível do clube esteve muito bem, conseguindo, como referiste, títulos bastante significativos.

Abraços!