Gosto de lançar este tipo de situação. Chamem-lhe debate, crítica, provocação ou simplesmente clubismo. Há dois pesos e duas medidas nos comentários televisivos em Portugal. Pelo menos foi nisso que reparei em duas situações semelhantes.
Alvalade, Sporting-Benfica. Nélson voa sobre Celsinho e recebe ordem de expulsão.
Dragão, Porto-Schalke 04. Fucile voa sobre um adversário e é expulso.
Estão recordados de ambos os lances? Então agora lembrem-se das imagens televisivas, que foi através delas que eu me propus a escrever este texto.
Nélson entra de forma ríspida sobre Celsinho, sem dúvida, mas disputa o lance com o pé de lado e acerta na bola antes de raspar no pé do jogador do Sporting, que imediatamente emite um grito lancinante e voa sobre Nélson (se ele não tivesse saltado por cima aí sim, seria caso para gritar). Rapidamente os comentadores da SportTv Miguel Prates (conhecido sportinguista) e Litos (ex-jogador dos leões) clamam pela expulsão de Nélson e rejubilam quando Paulo Paraty exibe o cartão vermelho ao lateral benfiquista.
Fucile entra de forma ríspida sobre um jogador do Schalke, sem dúvida, mas disputa o lance de pitons em riste, acertando com esses mesmos pitons no joelho do jogador adversário e nem por sombras chega a tocar na bola, que está a rolar sobre o relvado (relembro que a bola não está no joelho do adversário, onde Fucile acertou em cheio). Rapidamente os comentadores da RTP se indignam, entre eles Luís Freitas Lobo, dizendo que a expulsão é exagerada, que o lance não teve maldade e que Fucile apenas tentou jogar a bola (relembro que a bola corria sem sobressaltos pelo tapete do Dragão e não ao nível do joelho do jogador do Schalke).
Ambos os lances tiveram o mesmo desfecho, o cartão vermelho. Não estou a insinuar ou sequer a afirmar que este ou aquele jogador deveria ter sido expulso e o outro não. Longe disso. Acho que ambos os lances foram bem ajuízados.
Mas há diferenças... Onde?
Na forma como os experts do futebol que comentam os jogos em Portugal não conseguem sequer esconder a sua parcialidade ou a sua cor clubística, numa profissão onde a imparcialidade deveria permanecer acima de qualquer suspeita.
Não chega bem os dirigentes desportivos e os árbitros estarem envoltos em suspeição nas teias da corrupção ou os jogadores terem estas tristes atitudes em campo como Nélson, Fucile, Cardozo ou Bruno Alves?
Ainda temos de tirar o som à televisão para não ouvir as barbaridades que são vomitadas por esse ditos comentadores da bola?
À vossa meus senhores...
2 comments:
ahaha, gostei do picanço.
Epá, há sempre 2 pesos e 2 medidas em relação à comunicação social. O exemplo que dás é óptimo e anteontem vi um outro, onde não estava à espera: no Público.
Dizia o jornal após os 2 jogos da UEFA que "o Benfica tem a eliminatória em risco, pese o esforço dos jogadores", enquanto que em relação ao Sporting afirmava "Exibição fraquíssima em Inglaterra", quase como se um empate fora numa competição europeia fosse uma merda de resultado.
Há outro fenómeno engraçado: os telejornais, nos segmentos desportivos desse dia, começaram todos com o resultado negativo: o Benfica. Porquê? Por ser em casa?
Ou há em Portugal uma necessidade de negativismo até no futebol, começando-se as notícias com o "X perdeu" e não como o "Y ganhou"? Claro que o facto do Benfica atrair mais atenção também não é imune a este facto, mas ainda assim estranho-o.
Abraces!
Sem dúvida que a comunicação social tende a empolar esta ou aquela notícia.
Neste caso deram mais importância ao empate do Benfica do que à derrota do Sporting ou à vitória do Porto.
Sobretudo no Jornal da Tarde da RTP1 (com redacção no Porto, claro) onde acontece exactamente isso: é notícia de abertura quando o Benfica ou Sporting perdem, mas se ganham então fica para o fim do noticiário.
Talvez deixe passar esta porque sucedeu a demissão de Camacho.
Cumprimentos!
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