Sunday, March 30, 2008

Reis de Inglaterra e a ilusão dos media nacionais

Ouvi estupefacto no último jogo da selecção o comentador a dizer que Ricardo Carvalho não havia marcado qualquer golo nesta época. Esse senhor, além de ter uma estranha visão estatística dos defesas, não ficou sem resposta. Exactamente no jogo deste fim-de-semana, Carvalho resolveu os problemas de finalização do Chelsea, contribuindo decisivamente para uma vitória dos londrinos, que assim continuam na perseguição ao Manchester United. Estes últimos vão embalados para o bi-campeonato, usando e abusando do combustível Ronaldo, que dizem os experts que ainda há pouco tempo criticavam o seu individualismo, ser actualmente o melhor do mundo.

Devo confessar que neste Domingo devo ter visto o golo de calcanhar do Ronaldo umas 30 vezes. Não me chamem fanático, chamem-me antes preguiçoso ou qualquer outro adjectivo ilustrador de um dia inteiro a ver TV. De qualquer forma, o que quero relevar é o seguinte: Ronaldo está numa forma fantástica, mas por favor, não o ponham já no Olimpo, pois como se sabe, a queda é maior conforme mais alto se está. Não que isto aconteça na cabeça de Ronaldo, que me parece ter humildade para saber que não passa de um excelente período de forma, mas todos sabemos que tal ilusão acontece nos media. Exemplo claro: Vanessa Fernandes. A triatlista habitou mal os media nacionais e hoje, a notícia do seu 2º lugar era associada à palavra "perder", quando esse mesmo 2º lugar equivaleria, caso Vanessa não tivesse ganho nada até então, ao melhor resultado de sempre do Triatlo português! Podemos partir daqui para isto: tudo o que não seja a vitória de Vanessa nos Jogos Olímpicos, será uma derrota nacional. Nada mais errado, além do facto de colocarem uma pressão absurda em uma atleta que parcos apoios tem.

Rematando, os nossos media estão a seguir uma lógica tablóide que em nada ajuda o desporto nacional. É importante que se fale dos atletas e dos clubes quando estes não estão em destaque positivo ou negativo. A Liga dos Últimos é possivelmente o programa que mais serviço público desportivo fez na história da televisão nacional, mas é claramente insuficiente. É preciso ir além da notícia, fazer exactamente o que a Liga dos Últimos faz mas em clubes de maior visibilidade e competitividade. O formato está lá, falta agora adaptá-lo.

Na minha pespectiva se preferem deixar tudo como está, tudo bem, é da maneira que continuo a olhar com mais atenção os campeonatos estrangeiros em vez do nosso. Não é falta de patriotismo, é mesmo causa-efeito.

Wednesday, March 26, 2008

Grandes jogadores adversários V

Isaías

É dos nomes mais marcantes da história do Benfica na década de 90. Tinha tantas virtudes que não se sabe bem se era trinco, médio de transição ou número 10, sabe-se apenas que foi dos primeiros médios completos a jogar no futebol português, com resultados brilhantes nas épocas que jogou de águia ao peito. Veio para Portugal como muitos outros brasileiros, para equipas de menor dimensão. Neste caso foi o Rio Ave, onde chegou na época de 1987/88 e onde se ambientou de forma eficaz ao nosso futebol.

O Boavista, então um clube com excelentes olheiros, não deixou escapar tão grande promessa e contratou-o no ano seguinte e nas duas épocas que jogou pelos axadrezados marcou a módica quantia de 17 tentos, mostrando logo aí que não era um médio qualquer. Sem surpresa, transferiu-se para um clube de dimensão internacional: O Benfica. Pelas águias Isaías fez exibições memoráveis, como uma frente ao Arsenal (em pleno Highbury Park) em 92 onde marcou 2 golos na vitória por 3-1. Outra grande exibição foi nos célebres 6-3 ao Sporting, onde João Pinto foi secundado por um magnífico Isaías, autor de 2 golos.


Em termos de perfil desportivo, Isaías valia sobretudo pela sua raça, pois corria a todas as bolas e encorajava os colegas constantemente. Era igualmente brasileiro no toque de bola, maravilhando os adeptos com uma excelente técnica quando assim era necessário. Mas claro, o seu grande trunfo era exactamente a força que imprimia ao remate e a quantidade dos mesmos que fazia durante cada partida.

Lembro-se de um jogo em que Isaías marcou o seu golo do costume ao 11º remate! Um dado incrível, que ainda hoje gera alguma discussão. Há quem diga que só rematando é que se consegue marcar mas há igualmente quem defenda que eram remates aos desbarato, muitas vezes sem qualquer tipo de espaço ou colocação para o fazer. Seja como for, ficou para a história como um dos médios mais invejados pelos seus rivais, não só pelos seus atributos mas sobretudo pelos números: em 5 épocas pelo Benfica, Isaías marcou 71 golos em 178 jogos, ou seja, números dignos de avançado!

Isaías fez parte de equipas gloriosas do Benfica, tendo actuado (e ensinado) com grandes jogadores como Paulo Sousa, Rui Costa, Valdo, Paneira, Thern, Yuran ou Schwartz. Foi campeão nacional em 2 épocas e ganhou uma Taça de Portugal. Foi incrivelmente dispensado na razia efectuada por Manuel Damásio e Artur Jorge em 1995 e daí seguiu para Inglaterra onde jogou ao serviço do Coventry.

Ainda voltou a Portugal para jogar pelo Campomaiorense mas aí a idade já pesava. Acabou a carreira jogando futebol de praia pela selecção portuguesa e hoje dizem que é fazendeiro pelo Brasil. Apesar de tudo aquilo que deu ao país e ao Benfica, fica a ideia que Isaías saiu de Portugal pela porta dos fundos, mal amado por quem deu tanto de si. Fica no entanto para a história as exibições do pontapé-canhão que outrora resolvia à bomba (quase) todos os problemas do Benfica.

Jogador para futura análise: Jordão

Tuesday, March 25, 2008

Competições Europeias

Em resposta ao repto lançado, uma vez mais, pelo António, venho deixar aqui o meu palpite sobre as competições europeias:


Arsenal x Liverpool - também partilho a opinião de que os reds vão levar a melhor sobre os gunners. A equipa de Liverpool (e o seu treinador de modo especial) parece talhada para competições a eliminar e a quebra evidenciada pelo Arsenal na Premierleague também não joga a favor dos homens de Wenger. Mas seria bom para o futebol se Cesc e companhia conseguissem passar à próxima eliminatória.

Roma x Man Utd - apesar de toda a vontade de vendetta dos comandados de Spaletti e do seu bom futebol, penso que o Manchester vai passar. Os red devils estão muito fortes como equipa e têm individualidades que fazem, de facto, a diferença em qualquer altura. Esta situação só deverá ser abalada caso surja alguma lesão em alguns jogadores nucleares do Utd.

Schalke x Barcelona - os alemães tiveram sorte nos penaltis frente ao Porto e demontraram que são uma carta fora do baralho nesta fase da competição. O Barcelona passará com naturalidade.

Fenerbahçe x Chelsea - com mais ou menos dificuldade, acho que o Chelsea passará à fase seguinte. Mas terá de ter cuidado no jogo em Instambul pois os turcos são sempre muito fortes a jogar em casa.


Leverkusen x Zenit - a maior experiência dos alemães e a sua liga mais competitiva jogará a seu favor. O Zenit têm alguns jogadores capazes de criar desiquilíbrios.

Rangers x Sporting - apesar do mau momento anímico dos leões penso que têm futebol que chegue para ultrapassar estas equipas de estilo britânico, como aliás já demonstraram este ano. Apesar de tudo, como referiu o António, os escoceses venceram o Lyon por 3-0 por isso, cautela.

Bayern x Getafe - o carrasco do Benfica, apesar de formar um grupo sólido e praticante de um futebol objectivo e rápido que funciona perante as grandes equipas, penso que não fará mossa no colosso alemão, cujas individualidades estão muito acima da média dos espanhóis.

Fiorentina x PSV - apesar da maior experiência dos holandeses nas competições europeias, onde jogam sempre ao mais alto nível desde há muitos anos, sou um adepto confesso dos viola e gostaria que passassem à fase seguinte. O seu jogo atacante empolga e o facto de não estarem concentrados na luta pelo título como o PSV faz com que joguem sem complexos.

Mais tarde faremos o balanço de mais uma ronda europeia.

Monday, March 24, 2008

Final da Carlsberg Cup - Taça da Liga

A final da Taça da Liga, quer queiramos quer não, foi um marco histórico no futebol português, para o bem ou para o mal.

Foi mais uma "festa da taça" numa prova onde se pretendia que as equipas apostassem em jogadores normalmente não titulares e onde os clubes mais pequenos tivessem outra chance de ganhar um troféu. Nesse sentido penso que foi um êxito em toda a linha.
A final em si decepcionou-me bastante, por ser jogada por duas equipas com um futebol atractivo ou pelo simples facto de ambos os treinadores e adeptos quererem um bom espectáculo de futebol. Nesse sentido penso que foi péssimo.
As duas equipas apresentaram um futebol enfadonho, de contenção e expectativa, ao nível do pior a que já tive o "prazer" de assistir esta época entre clubes portugueses. Poderão dizer que ambos os conjuntos têm os jogadores fatigados, seja pelo percurso nas competições europeias (caso do Sporting) seja pelo percurso nas competições internas (caso do V. Setúbal). Sem dúvida que há jogadores muito fatigados mas não penso que seja razão suficiente para tão pobre espectáculo, afinal de contas tratava-se de uma final e do direito à conquista de mais um troféu.

O Sporting apresentou o seu onze-base mas nunca conseguiu impôr uma boa dinâmica de jogo, muito por culpa do mau momento de Miguel Veloso e do recuo de Moutinho para colmatar essa "ausência", apesar do melhor jogador sportinguista ter sido o seu capitão. Liedson vem de lesão e ainda não está ao seu nível. Polga esteve muito bem.

O Setúbal apresentou também o seu esquema habitual mas nunca evidenciou aquele entusiasmo natural de equipa menor a disputar uma final, estando muito mais retraído a jogar do que no campeonato. Pitbull está num grande momento de forma e com grande confiança, os demais companheiros formam uma equipa coesa e nada mais.

Num jogo tão cinzento a melhor oportunidade veio através de um lance de bola parada, já na 2ª parte, num livre de Pitbull ao poste da baliza de Rui Patrício. Penso que isto demonstra a qualidade do jogo em si.
A disputa do troféu através dos penalties veio, enfim, trazer alguma emoção ao jogo e o Setúbal acabou por ser mais feliz, graças a boas defesas do seu guarda-redes Eduardo e à cada vez mais incompreensível tremideira dos jogadores leoninos quando têm de chutar da marca dos onze metros.

O balanço da prova deixo ao critério de cada um mas para mim o melhor da final da Carlsberg Cup foi isto:


Pronuciem-se, caros cronistas.

Sunday, March 23, 2008

Notas de fim-de-semana

• O Vitória de Setúbal conquistou com inteiro mérito a Taça da Liga frente ao Sporting na lotaria dos penalties. Em 4 confrontos esta época, o Setúbal não perdeu nenhum com os leões. Por seu lado, o onze de Paulo Bento foi no papel para este jogo, a ideal tendo como base o princípio da época. Se não ganharam hoje frente a um adversário que nem é do seu patamar, é porque a época foi, de facto, mal planeada. A falta de dinheiro deixa até de ser desculpa, visto que o Setúbal vive com a corda na garganta e ainda assim construiu uma excelente equipa. Destaque para Pitbull, Eduardo e claro, Carlos Carvalhal, possivelmente o melhor dos Novos-Mourinhos.

• Na Liga espanhola, mais um tropeção do Real Madrid, desta feita em casa e frente ao titubeante Valência. A equipa ché saiu viva e com os 3 pontos na bagagem graças às intervenções miraculosas de Hildebrand, à veia goleadora de Villa e ao génio de Arizmendi, que jogando na sua posição natural, rendeu tudo aquilo que se esperava dele. A vantagem para o Barça situa-se agora nos 4 pontos, depois de ter sido de 8 ainda há bem pouco tempo. Entretanto o Villarreal vai espreitando já está a 6 pontos do líder. Temos Liga!

• Em Itália, o Inter está a pagar as factura da eliminação da Champions, pois esse era sem dúvida o objectivo da época. As estrelas nerrazurri não mostram a mesma disposição que há umas semanas e agora já só têm apenas 4 pontos de vantagem para a Roma. Juventus e Milan vão entretanto lutando pela Champions, com clara vantagem para os de Turim. Em Milão Pato vai sendo o abono de família face à ausência do futebol de Kaká.

• Em Inglaterra o Manchester United vai lançado para o Bi-Campeonato, estando agora com 5 pontos a mais que o Chelsea, que saído do nada (e à custa da fome de bola de Drogba), afigura-se como o principal inimigo dos red devils pelo título. Entretanto Cristiano Ronaldo marcou mais um. Foi o 34º golo da época. Na Premier foi o 25º do internacional português, ao passo que a equipa contabiliza agora 64 golos (Ronaldo vale 39% dos golos, ou seja, marca acima de 1 em cada 3 golos da equipa), sendo a mais concretizadora da prova. A melhor defesa também é do Man Utd, com apenas 15 golos sofridos. Inteiro mérito para o núcleo duro formado por Alex Ferguson no centro da defesa: Vidic e Ferdinand (ambos com 28 jogos no campeonato).

Friday, March 21, 2008

Quando há dinheiro é fácil

Face à idade e às constantes lesões do goleador Van Nistelrooy, o Real Madrid já vai preparando o futuro. Eis o provável eleito:

Nada melhor que um goleador holandês para substituir um... holandês goleador! Ai inveja..

Monday, March 17, 2008

Coisas que qualquer um de nós já sabia ou desconfiava IV

"Se tiver tranquilidade, o Benfica poderá lutar pelo título com o FC Porto"
Giovanni Trapattoni, em entrevista recente à Sportv

Últimas notícias da novela ché

• A equipa de Koeman continua a meter muita água e o Valência, apesar de conservar um aparentemente sólido 10º lugar, está somente 4 pontos acima dos postos de descida.
• Para provar o seu desinteresse pelo campeonato, a equipa fez um vídeo com Banega, Joaquín e Villa a pedir o máximo apoio da affición para o jogo da 2ª mão da Copa do Rei.

• A apenas 9 jornadas do fim, o calendário aparenta ser tudo menos promissor (a negrito os jogos em que não acredito que o Valência consiga fazer pontos):

29 Real Madrid (F)
30 Mallorca (C)
31 Murcia (F)
32 Racing (C)
33 Athletic (F)
34 Osasuna (C)
35 Barcelona (F)
36 Zaragoza (C)
37 Levante (F)
38 Atlético (C)

• Por fim, as questões internas. O Presidente Soler dimitiu-se há sensivelmente uma semana e nomeou para o seu lugar Morera (um pouco à imagem da indigitação de Santana Lopes por Durão Barroso, sem qualquer tipo de consulta do povo, neste caso, dos sócios do clube).

• Relativamente ao processo Albelda, o jogador perdeu a acção que tinha contra o clube e ficará mesmo sem poder jogar pelo clube enquanto Koeman por lá andar.

P.S. Vai ser engraçado de ver o Valência na 2ª Liga espanhola, Koeman sair e Albelda voltar a jogar, mesmo numa divisão inferior, mostrando que é dos poucos que não abandona o clube. Isto se Albelda tiver realmente o carácter de Buffon ou Nedved, jogadores que não abandonaram o barco e que estão agora acima do estatuto de ídolo.

Friday, March 14, 2008

Palpites das competições europeias

Vou aqui deixar a minha profecia para as eliminatórias que se avizinham das competições da UEFA. Insto o Rui e o Pedro a fazerem o mesmo, para ver quem acerta mais e claro, pela boa convivência deste blog.

Champions League

Arsenal < Liverpool - Lamento ser desmancha-prazeres para os fãs do bom futebol, mas acho que o jogo cínico do Liverpool levará a melhor. O Arsenal pagará por não ser tão bom em casa como o Liverpool.

Roma > Man Utd - Gosto muito do Manchester United e dos seus jogadores, mas acho que a Roma vai consumar a sua vingança. De qualquer forma esta eliminatória é a mais equilibrada e dependerá fortemente dos deslizes internos que Inter e Arsenal possam ter.

Schalke < Barcelona - Os catalães seguirão em frente, pura e simplesmente porque têm as individualidades que marcam a diferença. Ainda para mais o Schalke chega aqui muito graças à boa fortuna, pois não possuem desequilibradores, nem equipa à altura desta fase.

Fenerbahce < Chelsea - Há apenas dois factores capazes de virar a eliminatória a favor dos turcos: uma boa vantagem que alcancem em Istambul (ganhar não chega) e conflitos internos nos londrinos respectivos à rotatividade de Grant ou à renovação pendente de contratos.


Uefa Cup

Leverkusen > Zenit - Os alemães têm melhor plantel, equipa e individualidades (Kiessling e Barnetta são francos exemplos) mas precisam de ter muito cuidado com Pogrebnyak e sobretudo Arshavin.

Rangers > Sporting - Eliminatória equilibrada. São ambas equipas jovens, apimentadas com algumas estrelas (Liedson e Ferguson são expoentes) e capazes do melhor e do pior. O Sporting dá-se bem com britânicos e o Rangers foi capaz de bater o Lyon em França por 3-0. Por ter melhor banco, aposto nos escoceses.

Bayern > Getafe - O Bayern é o grande tubarão mas terá pela frente uma equipa que, passe a redundância, joga como equipa. Será um excelente teste ao colectivo alemão e não tanto às suas individualidades. Acredito que os espanhóis, se taparem Ribéry como fizeram a Rui Costa, tenham uma palavra a dizer na eliminatória.

Fiorentina > PSV - É a eliminatória mais equilibrada. Por paixão à Fiore e aos seu jogo atacante, gostava que estes passassem, mas o PSV é uma equipa forte e sem complexos, com um guarda-redes soberbo que faz a diferença. Pazzini e Gomes serão por isso decisivos.

Da Presidência do Benfica

Luís Filipe Vieira, Presidente do Sport Lisboa e Benfica, tem virtudes e defeitos, como qualquer ser humano.Ao serviço do clube teve papel importante na gestão financeira, dos recursos humanos e desportivos, ainda que esta mesma situação financeira esteja, de algum modo, dependente dos resultados desportivos da equipa de futebol, nomeadamente a presença na Champions League, já para não falar nos dividendos que o clube poderia retirar do facto de ser campeão nacional, quer em termos de bilheteira quer em termos de marketing.
Quanto a mim, Vieira tem um problema que os adeptos até gostavam, no início do seu mandato, que era falar de forma frontal e quase sempre em resposta aos seus adversários directos (Soares Franco e Pinto da Costa). Agora já começa a ser entediante ouvir o presidente do Benfica. Declarações como "o Benfica vai ser, de certeza, campeão nacional" ou "vamos dar a volta por cima nesta fase mais negativa" são proferidas todos os dias e já nem os adeptos têm paciência para as ouvir.

A última vez que Vieira "meteu o pé na poça" foi com a situação de Rui Costa. Antes sequer de o maestro confirmar que seria a sua última época como jogador profissional de futebol, já Vieira apregoava que o lugar de director desportivo (vago desde a saída de José Veiga) era dele e que o queria para orientar o departamento de futebol do clube. Rui Costa, claro, sentiu-se lisonjeado com a proposta e deixou a porta aberta a tal convite. Mas a situação criada pareceu-me que gerou algum mal-estar no balneário e até junto do próprio Camacho. Não concordo que tal situação tenha levado à sua saída do comando técnico do Benfica mas foi, sem dúvida, questionada a sua força junto dos jogadores.
Aliado a estes factos, a imprensa, sempre sedenta das declarações bombásticas de Vieira, virou-se depois para Rui Costa à procura de explicações sobre o mau momento da equipa, a saída de Camacho, antecipando a sua situação de futuro director desportivo. As perguntas eram provocatórias e Rui Costa, que sempre destilou classe dentro e fora de campo, não se esquivou a elas, respondendo à letra por ver o seu bom nome posto em causa.
Mas foi a atitude de Vieira, que não sabe quando é que deve falar ou quando é que deve estar calado, que despoletou toda esta situação. E isto há muito que se vem a verificar: são demais as vezes em que LFV fala quando devia era resolver as coisas internamente e não na praça pública, através de discursos para "inglês ver".

Já chega Sr. Vieira. Aprenda, de vez, a controlar os seus ímpetos de avidez de ribalta e mantenha um "low-profile" que só lhe ficaria bem. Afinal de contas o senhor não é um político.

Thursday, March 13, 2008

Coisas que qualquer um de nós já sabia ou desconfiava III

"¿La clave? Que sólo 12 jugadores del país fueron titulares"
Tomás Guasch sobre o pleno inglês da Champions

Tuesday, March 11, 2008

Grandes jogadores adversários IV

Pedro Barbosa

Apesar de formado nas camadas jovens do Porto foi no Vitória de Guimarães que iniciou a sua carreira profissional, em 1989. Depois de duas épocas a rodar no Freamunde, regressou à cidade-berço em 1991 onde, durante quatro épocas, deslumbrou os sempre exigentes adeptos vimaranenses. Com atributos técnicos invejáveis e boa compleição física, Pedro Barbosa destacava-se no controlo da bola e na capacidade de passe e remate de meia-distância, sempre jogando de forma elegante, de cabeça levantada e conduzindo o jogo da equipa.

As exibições em Guimarães valeram-lhe uma transferência para Alvalade em 1995. Foi de leão ao peito que efectuou as suas melhores exibições e que ganhou os títulos da sua carreira: campeonato nacional (1999/00 e 2001/02), Taça de Portugal (2001/02) e Supertaça (1999/00 e 2001/02).
Apesar de jogar normalmente descaído sobre um dos flancos, nunca teve a velocidade de um extremo e nunca foi essa a sua posição natural. Porém era dotado de uma grande capacidade para guardar a bola dos adversários, oferecendo-a depois a um companheiro melhor posicionado, de uma visão de jogo ao alcance de muito poucos e um drible seco, capaz de com um/dois toques tirar os adversários do caminho. Nunca foi um jogador explosivo do ponto de vista físico mas a sua grande capacidade técnica tornava-o capaz de inventar uma jogada e decidir uma partida.
Durante dez anos vestiu a camisola do Sporting, foi capitão durante largos anos também, sendo um dos maiores responsáveis pela caminhada até à final da Taça UEFA, perdida em pleno Alvalade XXI para o CSKA de Moscovo.
Retirou-se do futebol em 2005, no meio de um conflito com os dirigentes do Sporting, tecendo-lhes várias críticas, o que impossibilitou uma saída triunfal como pretendia.

Pela Selecção Nacional estreou-se em 1992, contra a Bulgária, tendo sido seleccionado para o EURO 96 e para o Mundial de 2002 onde, não sendo utilizado em nenhum dos três jogos, decidiu retirar-se dos serviços da selecção das quinas. Contabilizou 22 internacionalizações e 5 golos.

Como já referi, pecou apenas por uma grande irregularidade exibicional, alternando exibições geniais com outras muito pobres onde era raro vê-lo tocar na bola, o que o impediu de sonhar com vôos mais altos. Fica porém a sua inegável classe e talento, a sua magnífica visão de jogo e a sensação de que o "falso lento" poderia ter dado muito mais ao futebol português pois os atributos técnicos faziam dele um jogador de eleição.


Jogador para análise futura: Isaías

Debate à inglesa

O The Sun (tablóide inglês recorrente deste blog) tem hoje como notícia-bomba a possível dispensa de Xabi Alonso do Liverpool, por motivos extra-futebol. Os acontecimentos são fáceis de explicar: a mulher do jogador espanhol está prestes a dar à luz e Xabi quis ficar com ela para assistir ao parto em vez de se juntar à equipa que partira para Milão de manhã, onde vai jogar com o Inter a 2ª mão dos Oitavos da Champions.
O jogador ainda disse a Benitez que se o processo fosse rápido ele apanharia o avião o mais rápido possível, mas Benitez fê-lo saber que teria de decidir ir com a equipa ou então não valia a pena. Assim a equipa foi pra Itália e Xabi Alonso ficou na ilha.
Nos diversos comentários à notícia é interessante de notar a discrepância de opiniões, fazendo uns valer o profissionalismo e outros a vida. Nos que defendem o profissionalismo a opinião mais unânime diz-nos que o profissional que ganha milhões tem que cometer alguns sacrifícios pessoais, entre os quais o afastamento da família em situações cruciais da vida. Pelo lado da vida, há uma corrente defensora de que a oportunidade de assistir ao nascimento do primeiro filho é insuperável por qualquer outro tipo de compromisso, ao passo que há muitos outros que simplesmente apelam à calma e dizem que o futebol deve ser encarado de forma mais leve e não tão séria, sob o risco destas situações acontecerem cada vez mais e as equipas serem vistas como regimes ditatoriais.

Na minha opinião, acho que a culpa - como já vem sendo hábito - é de Benitez. Para sanar tudo isto o espanhol podia simplesmente ter dado a Xabi Alonso a oportunidade de se juntar à equipa assim que pudesse ou então conceder-lhe uma ou duas folga para estar junto da mulher nesse momento feliz mas difícil. É certo que o treinador espanhol quis acima de tudo dar o exemplo, protegendo o grupo e dando a entender que as regras são iguais para todos, mas tendo em conta a sua metodologia tensa e rígida, dá cada vez mais a ideia que o Liverpool é hoje uma equipa que vive num género de regime, onde qualquer falha é penalizada e onde a vitória tem que ser conseguida a todo o custo, nem que se quebrem valores como a família.

P.S 1: Este é post 101 do blog. Já somos centenários, carago!

P.S 2: Mal saiu esta notícia de Xabi Alonso em Espanha, logo Barça e Real são dados como interessados. Ainda que para mim fosse no Atl. Madrid que Xabi encaixava melhor.

Monday, March 10, 2008

O fim de uma era que ainda não acabou

Acompanhando o que o Rui referiu acerca da saída de Camacho do Benfica, é com extrema dificuldade que tento entender o que se passa do outro lado da segunda circular.
A situação do Sporting é deveras pior que a do Benfica e ainda assim, parece que tudo vai bem no reino do leão. O importante é assegurar a estabilidade do plantel e corpo técnico, para que estes possam trabalhar em paz. Pelos vistos os resultados já não contam, interessa sim que se trabalhe com calma, deixando o plantel crescer e retirando da equipa toda a pressão extra-desportiva.

Em teoria, o plano que a direcção apregoa é bom e assemelha-se ao que o Manchester United praticou quando Alex Ferguson chegou, mas na prática tal acto é de incrível dificuldade, isto tendo em conta a falta de paciência dos adeptos portugueses (ainda que os sportinguistas revelem maior paciência que os adeptos dos clubes rivais) e o fraco futebol que a equipa apresenta actualmente. Além disso, um factor crucial que não permite a consolidação deste projecto é que, ao contrário do Man Utd, o Sporting não consegue segurar as suas estrelas jovens. Da era Paulo Bento só saiu até agora Nani, mas neste Verão certamente saíra mais alguém, pois sem a Champions, o clube terá que vender alguém para consolidar financeiramente o projecto.

Ainda que o Rui critique muito o plantel do Benfica, acredito que este plantel do Sporting é pior que o dos encarnados. Para um Sporting capaz de lutar em toda as frentes apenas existem estes jogadores: Polga, Grimi, Moutinho, Vukcevic, Izmailov e Liedson. Todo o resto do plantel é substituível de forma mais ou menos fácil, até porque basta recuar poucos anos para descobrirmos melhores atletas nas posicões onde há um claro défice de rendimento.

O que é frustrante é que até podia ser um bom plantel, pois o meio-campo é forte, mas de que serve tal coisa se a táctica do losango abre espaço precisamente onde a equipa tem peças mais fortes e onde estas não podem ser úteis?

A esse facto acrescenta-se ainda as birras técnico-tácticas de Paulo Bento, que no meu ver, são piores que as de Camacho. Por exemplo, em que mundo alucinado é que Rui Patrício tira o lugar ao internacional sérvio Stojkovic, que muitos pontos deu ao Sporting no início da época? Quantas vezes tem Tonel que errar mais para ser dada uma oportunidade consistente a Gladstone? Porque não é Adrien Silva opção face à quebra de forma de Veloso? E porque não experimentar novos sistemas tácticos? O losango já é tão previsível que os adversários atacam todos em diagonal, sabendo que esse é o melhor plano para rebentar com a táctica.

Metaforicamente, o universo do Sporting é hoje constituído por um navio onde se reúnem os presidentes, que vai a reboque de uma jangada cheia de jogadores jovens, que se encontra à deriva rio (leia-se campeonato) abaixo.

O fim de (mais) uma era Camacho no Benfica

Era um fim previsível que se foi arrastando até se tornar realmente inevitável.

O empate em casa com o "lanterna vermelha" Leiria foi como a derrota com o Leixões que resultou no afastamento de Fernando Santos: apenas a face visível de uma equipa que voltou a cair na vulgaridade depois do título proporcionado por Trapattoni.
É impossível dissociar o nível exibicional da equipa com a saída de alguns jogadores. Simão, Miccoli e mesmo Giovanni ou Ricardo Rocha não podem ser comparados com as contratações feitas no defeso, salvo raríssimas excepções. Sobretudo a saída do ex-capitão Simão, que abalou todo o jogo da equipa, desde a eficácia nas bolas paradas até à criatividade e imaginação nos lances ofensivos e, claro, a capacidade concretizadora do nº 20, quase sempre o melhor marcador da equipa em todas as épocas.

Depois, a falta de contratações de nível, tão apregoada por Vieira que não se cansou de dizer que para o Benfica só vêm jogadores de nível internacional, só precipitou ainda mais o fraco rendimento esta época. Salve-se Cardozo, Rodríguez e Bynia, as restantes contratações deixaram bastante a desejar.
Alguns jogadores pura e simplesmente não têm categoria para jogar no Benfica, casos de Luís Filipe, Butt, Zoro, Maxi Pereira, Makukula ou Edcarlos. Outros ainda estão muito verdes para se perceber se se podem tornar bons jogadores, casos de Di Maria, Adu ou Sepsi. Há jogadores que há muito deveriam ter saído do clube, casos de Mantorras ou Nuno Assis.
A acrescentar a estes há ainda casos de jogadores que poderiam ter saído, porque a contrapartida financeira era maior do que a desportiva, casos de Nélson (chegaram ao clube propostas de cerca de 6 milhões de euros pelo seu passe), Katsouranis (nunca mais o Benfica venderá o grego por 10 milhões de euros, proposta do Villarreal) ou Nuno Gomes (propostas de cerca de 5 milhões de euros de Inglaterra e Itália).

Passando em revista os factos ficariam no platel: Quim, Moreira; Luisão, David Luíz; Léo, Sepsi; Petit, Rui Costa, Bynia; Rodriguéz, Di Maria, Adu; Cardozo e, possivelmente, Nélson, Katsouranis e Nuno Gomes. Por aqui se vê o que falta ao Benfica, em termos de jogadores com qualidade para serem titulares ou de rotatividade com os titulares.

Aliado à falta de qualidade generalizada do plantel, proveniente da fraca política de contratações dos dirigentes, que resulta em exibições muito pobres e maus resultados, há um défice claro na motivação e na própria mentalidade que deveria ser incutida nos jogadores, aspecto no qual Porto e Sporting estão claramente à frente do Benfica. Há ainda também a questão do treinador em si. Independentemente do facto de serem bons ou maus, os treinadores no Benfica não conseguem preparar bem cada época. As saídas e entradas fazem-se a conta-gotas, ao longo do defeso e há jogadores a chegar em cima do fecho das inscrições, o que impossibilita a definição de um modelo de jogo e a adaptação rápida e segura dos novos elementos.

Acho que é tempo de o Sr. Vieira se começar a aperceber dos seus erros, cometidos em catadupa e consecutivamente sempre os mesmos, e deixar a porta aberta para alguém que, dando continuidade ao seu bom trabalho no equilíbrio financeiro, dê de facto aos adeptos as exibições e os resultados desportivos que um clube com os pergaminhos do Benfica deve ter.
E não estou a falar do papel que desempenhará Rui Costa no clube mas sim de uma nova direcção que faça com que os adeptos tenham novamente a alegria de ir ao estádio apoiar e constatar que têm uma equipa que joga futebol e não uma que aparenta juntar-se aos fins-de-semana para dar uns toques como um qualquer grupo de amigos.

Friday, March 07, 2008

Ecos da Champions

A vingança do bom futebol na Champions.
Ao invés dos resultadistas, quem acabou por levar a melhor nesta ronda da Champions foram os praticantes de bom futebol.
Excepção feita ao Sevilla (afastado por um Fenerbahçe cheio de alma e coração), ao Lyon (afastado por outro praticante do bom futebol, o Man Utd) e ao Porto (este sim, afastado por um Schalke sensaborão) os restantes clubes são adeptos de um tipo de jogo aberto e ofensivo. Talvez discordem que coloque o Chelsea neste lote de equipas mas a intensidade que Drogba, Lampard e companhia imprimem ao jogo é brutal, tirando o Olympiakos do caminho.
O melhor exemplo desta realidade foi dado pelo Arsenal em pleno San Siro e.... à italiana, perto do minuto 90. A Roma ultrapassou um irregular Real Madrid através do seu futebol todo-o-terreno. O Barcelona, mesmo sem empolgar com aqui há uns tempos, continua a praticar bom futebol e eliminou o Celtic. O Man Utd ultrapassou o Lyon.
Falta conhecer apenas uma equipa que irá sair do confronto entre Liverpool e Inter, mas aqui cairá uma nódoa no melhor pano: ambos são resultadistas. Uma porque é italiana; do outro lado está Benítez.
Tudo dito.

Descubra as diferenças... mas onde?

Gosto de lançar este tipo de situação. Chamem-lhe debate, crítica, provocação ou simplesmente clubismo. Há dois pesos e duas medidas nos comentários televisivos em Portugal. Pelo menos foi nisso que reparei em duas situações semelhantes.

Alvalade, Sporting-Benfica. Nélson voa sobre Celsinho e recebe ordem de expulsão.
Dragão, Porto-Schalke 04. Fucile voa sobre um adversário e é expulso.
Estão recordados de ambos os lances? Então agora lembrem-se das imagens televisivas, que foi através delas que eu me propus a escrever este texto.

Nélson entra de forma ríspida sobre Celsinho, sem dúvida, mas disputa o lance com o pé de lado e acerta na bola antes de raspar no pé do jogador do Sporting, que imediatamente emite um grito lancinante e voa sobre Nélson (se ele não tivesse saltado por cima aí sim, seria caso para gritar). Rapidamente os comentadores da SportTv Miguel Prates (conhecido sportinguista) e Litos (ex-jogador dos leões) clamam pela expulsão de Nélson e rejubilam quando Paulo Paraty exibe o cartão vermelho ao lateral benfiquista.

Fucile entra de forma ríspida sobre um jogador do Schalke, sem dúvida, mas disputa o lance de pitons em riste, acertando com esses mesmos pitons no joelho do jogador adversário e nem por sombras chega a tocar na bola, que está a rolar sobre o relvado (relembro que a bola não está no joelho do adversário, onde Fucile acertou em cheio). Rapidamente os comentadores da RTP se indignam, entre eles Luís Freitas Lobo, dizendo que a expulsão é exagerada, que o lance não teve maldade e que Fucile apenas tentou jogar a bola (relembro que a bola corria sem sobressaltos pelo tapete do Dragão e não ao nível do joelho do jogador do Schalke).

Ambos os lances tiveram o mesmo desfecho, o cartão vermelho. Não estou a insinuar ou sequer a afirmar que este ou aquele jogador deveria ter sido expulso e o outro não. Longe disso. Acho que ambos os lances foram bem ajuízados.


Mas há diferenças... Onde?

Na forma como os experts do futebol que comentam os jogos em Portugal não conseguem sequer esconder a sua parcialidade ou a sua cor clubística, numa profissão onde a imparcialidade deveria permanecer acima de qualquer suspeita.
Não chega bem os dirigentes desportivos e os árbitros estarem envoltos em suspeição nas teias da corrupção ou os jogadores terem estas tristes atitudes em campo como Nélson, Fucile, Cardozo ou Bruno Alves?
Ainda temos de tirar o som à televisão para não ouvir as barbaridades que são vomitadas por esse ditos comentadores da bola?

À vossa meus senhores...

Benfica 1-2 Getafe

Depois da eleminação do Porto frente ao Schalke restam os dois grandes de Lisboa como representantes portugueses nas competições da UEFA.
No que diz respeito ao jogo que decorreu no Estádio da Luz nada a dizer. Vitória justíssima da equipa espanhola, praticante de um bom futebol que aposta nas transições rápidas para o ataque, em movimentações de olhos fechados dos seus jogadores e na capacidade de passe e circulação da bola a toda a largura do terreno. No fundo à imagem do seu treinador, Laudrup, dominando os princípios básicos do futebol: passe, recepção e desmarcação.
Cardozo devia passar alguns jogos no banco de suplentes e reflectir profundamente naquilo que fez aos seus companheiros, deixando-os em inferioridade numérica logo aos 9 minutos de jogo. A partir daí o Getafe controlou as operações, trocando a bola serenamente entre os seus jogadores até chegar ao golo inevitável, por De la Red. Aumentou a contagem já na segunda parte, antes do Benfica reduzir num "meio-frango" de Ustari a remate de Mantorras.

Pelo meio ficou a ideia de que o Benfica, mesmo com 10, poderia empatar a eliminatória e, levados pelo público da Luz, os encarnados mostraram uma capacidade de luta e resistência que nunca se lhes havia visto esta época, provando que o défice de qualidade de alguns jogadores pode ser disfarçado com a total entrega de todos.
A atitude da turma benfiquista foi notável, ficando a sensação de que o Benfica poderia estar noutra situação nas provas UEFA e no campeonato nacional se mantivesse essa mesma atitude ao longo da época. E o público da Luz, que sabe ler o espírito da equipa, entusiasmou-se e puxou pelos jogadores, mesmo a perder. Ou seja, desta feita feita foi a equipa que, pela atitude demonstrada, conseguiu fazer com que o desanimado público da Luz acordasse e demonstrasse que acreditava na reviravolta porque estava a ver a raça dos seus jogadores.

Passo a uma análise detalhada:

Quim - nada a fazer nos golos sofridos. No primeiro a bola desvia em Edcarlos e no segundo Nélson deu tempo e espaço para Hernandez meter a bola onde quisesse. Defesas de nível no resto do jogo dando segurança à equipa.

Nélson - desapoiado, é certo, durante muitas fases do jogo, mesmo assim teve muitas vezes espaço para subir pelo seu flanco mas encolheu-se, tal como aconteceu no lance do segundo golo do Getafe.

Luisão - mais uma lesão mal curada? O Benfica perdeu a sua voz de comando na defesa e isso afectou um pouco o moral da equipa. Demorou muito a reagir no lance do primeiro golo do Getafe.

Edcarlos - exibição sofrida. Fez o "desvio fatal" que enganou Quim e pareceu sempre atarantado com as movimentações dos adversários. Parece que lhe falta genica e fibra, disputa os lances sempre na última e em esforço quando parece que tem muito tempo para os resolver.

Léo - dos melhores na noite de ontem. Nestes jogos onde é preciso dar tudo o "baixinho" é exemplar, sempre dos primeiros a mostrar a raça com que disputa cada lance, mexendo com a equipa e os adeptos. Bem na forma como defendeu e subiu no seu flanco.

Katsouranis - dá-se mal com adversários muito mexidos e ontem não foi excepção. Sem outro companheiro no meio-campo defensivo pareceu perdido, nunca sabendo a que fogo acorrer. Não teve hipóteses para subir no terreno mas também não esteve no sítio quando foi preciso fechar junto dos centrais encarnados.

Rui Costa - digam o que disserem, Rui Costa é o capitão do Benfica. Experiência na condução dos ritmos da equipa, congelando a bola ou tentando a transição rápida para os extremos. Capacidade de liderança numa equipa onde a bola queima nos pés. Era dos poucos a fazer pressão sobre os adversários no meio-campo. Autêntica voz de comando, parece estranho tentar ensinar uma equipa a jogar em campo, quando os jogadores deveriam saber o que fazer e como se movimentar.

Di Maria - passou a jogar melhor quando Cardozo foi expulso, mais solto em campo. Algumas arrancadas em diagonais, algumas faltas ganhas em zonas perigosas para o Getafe, soube agarrar a bola quando foi preciso esperar pela subida dos companheiros.

Sepsi - bom jogo do romeno, na medida do possível dadas as circunstâncias. Nunca se atemorizou por ter a bola nos pés, boas movimentações no flanco esquerdo, aparecendo em zonas de finalização ou apoiando Léo a defender. Dos poucos que também conseguiu pressionar os homens do Getafe obrigando-os a errar.

Rodriguez - jogo de sacrifício após a saída de Cardozo, dando o corpo aos centrais espanhóis. Garra e capacidade de luta, nunca virou a cara a nenhum lance, pediu a bola e foi dos mais perigosos a atacar a baliza de Ustari, ora descaindo sobre as faixas ora entrando pelo centro em combinações com Rui Costa ou Di Maria.

Cardozo - não tinha feito nada até aos 9 minutos e o que fez nessa altura foi prejudicar a equipa.

Zoro - entrou muito bem o costa-marfinense. Perseguiu os avançados contrários, obrigando-os a fugir do centro do terreno, fez cortes cruciais, alguns até em zonas adiantadas. Uma boa exibição do defesa que lhe valeu muitos aplausos vindos das bancadas e a sensação de que sabe fazer mais do que mostrou até então.

Mantorras - ao seu melhor estilo: entrou e marcou, com sorte é certo, mas ele está lá. Trouxe alguma vivacidade ao ataque do Benfica mas sobretudo alguma preocupação aos centrais do Getafe, que até aí não tiveram de se haver com um avançado fixo.

Thursday, March 06, 2008

Esta foi uma má época europeia?

A eliminação do FC Porto aos pés do Shalke o4 deixou-nos apenas com 2 equipas nas competições europeias (Sporting e Benfica), isto quando foram 7 as equipas que participaram desde início nas mesmas. Quando 3 delas ficaram logo pelo caminho frente ao primeiro adversário (Belenenses, Paços e Leiria) falou-se muito de desastre e hecatombe de Portugal nos coeficientes deste ano, cenário que, felizmente, não se tem vindo a verificar integralmente.
Diria até mais: nem o mais positivo dos portugueses se atreveria a dizer que, depois de eliminadas quase metade das equipas portuguesas na primeira ronda da UEFA, chegássemos a Março com algum clube a disputar provas europeias. Pois bem, esses clubes existem e são ambos de Lisboa.

Ainda que enegrecidos por uma época trágica a nível doméstico, estas duas equipas constituem, depois de Bayern, Tottenham e Werder Bremen, um lote que ambiciona fortemente a conquistar a Taça UEFA. Seja pela história, pela juventude ou pelo tipo de futebol, Sporting e Benfica são muito respeitados pelos seus adversários, que olham com receio quando a bola sorteada é portuguesa.

Voltando à questão dos coeficientes, se acham que a época portuguesa está a ser má, o que dirão então os espanhóis? Gabando-se de ter uma das melhores Ligas mundiais, Espanha tem neste momento apenas 2 representantes nas provas da UEFA: Getafe e Barcelona, isto é, um intruso e um claro aspirante à conquista. E eram 8 ao início. Pelo contrário, Portugal tem 2 aspirantes cientes das suas dificuldades, que mesmo ficando pelo caminho nesta fase, já fizeram melhor que a representação lusitana de 2005/6 e que caminha a passos largos para superar a de 2004/5.
Em termos comparativos com outros países, Portugal ocupa o 8º lugar da classificação deste ano. Ainda que estejamos atrás de Escócia, Turquia e Rússia, temos francas possibilidades de os passar, visto que estes contam apenas com uma equipa a representá-los (Rangers, Fenerbahce e Zenit). Alemanha, Inglaterra, Itália e Espanha são para nós, de outro campeonato.

Concluíndo, esta não está a ser nem será a pior época dos últimos anos. É verdade que não se equipara à época de 2003/04 (FC Porto campeão europeu), no entanto está muito perto de atingir os pontos amealhados em 2004/5, ano em que o Sporting atingiu a final da UEFA.

Como curiosidade fica o rei deste ano: a Inglaterra. Em 8 equipas, apenas saiu uma. As 4 equipas da Champions por lá continuam e das 4 que conquistaram um lugar na UEFA, apenas o Blackburn foi eliminado. Em exemplo claro da força que a Premierleague tem nos dias que correm.

Pitacos da Champions II

Chelsea 3 - 0 Olympiakos

Passeio dos londrinos sobre os gregos, que uma vez mais, não atingem uma fase avançada da competição. Por estas e por outras, é que equipas como o Olympiakos, Lyon ou Celtic vão sendo cada vez mais apetecíveis nos sorteios. Quanto ao Chelsea, continua a revelação de Grant no tempo pós-Mourinho.

Real Madrid 1 - 2 Roma

Resultado similar ao da primeira mão e que coloca a Roma novamente nos Quartos-de-final da competição. Jogo bonito, às vezes confuso, bem jogado e também indisciplinado, ideal para equipas italianas (ainda que a Roma seja a "menos italiana" das que actuam no Calcio). O Real Madrid pagou caro pela irregularidade que vem demonstrando na Liga espanhola.

Porto 1 - 0 Shalke*

Vitória dos alemães nos sempre infalíveis penalties, após um jogo onde o domínio do FC Porto foi total, faltando no entanto a materialização das (3 ou 4) oportunidades conseguidas. Os alemães saíram vivos do fogo do Dragão e são os dignos representantes do futebol alemão nos últimos oito.

Tuesday, March 04, 2008

Pitacos da Champions

Sevilla 3 - 2 Fenerbahce*

Foi um daqueles confrontos onde mereciam passar as 2 equipas, tal o espectáculo que ambas deram nas 2 mãos. O Sevilla cedo se adiantou na eliminatória, mas apesar de ter estado sempre a perder, os turcos acabaram por ganhar na lotaria dos penalties. Deivid foi o herói do dia.

Milan 0 - 2 Arsenal

Exibição de gala dos gunners! Fabregas foi a estrela de uma equipa que pratica um futebol esplêndido, cheio de unidade, imaginação e correcção. O Milan precisa de renovar-se e o jogo de hoje pode muito bem ser o de viragem na política de contratações milanesa.

Manchester Utd 1 - 0 Lyon

Jogo equilibrado, com maior pendor ofensivo dos da casa, como seria de esperar de antemão. Ronaldo resolveu mas aparentemente não saiu satisfeito com a sua exibição. Ben Arfa e Benzema já passaram de esperanças para confirmações.

Barcelona 1 - 0 Celtic

Jogo treino para o Barça, que cedo resolveu a questão com um golo de Xavi aos 2 min. O Celtic cai novamente nos Oitavos... pelos vistos o futebol escoês não dá mesmo para mais. A má notícia do encontro foi a lesão de Messi, que estará fora dos relvados entre 1 a 2 meses.