O futebol é um fenómeno global, que permite juntar povos e nações e que tem uma força mediática tremenda.
O futebol é também o desporto mais democrático do mundo, visto que permitiu , por exemplo, que uma pessoa como Diego Maradona com apenas 1,60m , nascido em Villa Fiorito , um dos bairros mais pobres da América do Sul se tornasse no maior ícone da Argentina e o seu principal embaixador internacional.
O futebol tem esta característica única de colocar em pé de igualdade pobres e ricos, jogadores talentosos e jogadores voluntariosos, de unir extremos que se defrontam num campo com regras definidas e onde vence o melhor (quem tem maiores recursos técnicos e não quem tem maiores recursos financeiros).
Num mundo cada vez mais globalizado e industrializado, o futebol surge como um espaço único de afirmação dos países, e uma possibilidade de se tornarem conhecidos á escala mundial uma vez que é conhecido e tem um acompanhamento á escala global.
È assim com o Brasil, e foi assim durante muitos anos com Portugal e o Benfica, que teve em Eusébio o seu maior embaixador. Olhando para trás, facilmente nos apercebemos na forma como o Estado Novo utilizava o futebol como uma extensão da sua afirmação europeia, foi assim no Mundial de 1966 em Inglaterra e nas conquistas europeias do Benfica em 1961 e 1962.
Para compreender melhor a força que o futebol tem, atente-se neste excerto de uma entrevista ao escritor António Lobo Antunes á revista Visão:
«[...] Visão:Ainda sonha com a guerra?
Lobo Antunes: (...) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
L.A.: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista.
LA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?»
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