Monday, December 18, 2006

FIFA World Player 2006

Já havia vencido a prestigiada Bola de Ouro da France Football, foi agora eleito o melhor jogador do Mundo de 2006: Fabio Cannavaro.
Capitão da Squadra Azzurra no Mundial da Alemanha, guiando-a até ao ceptro, Cannavaro personifica tudo aquilo que um amante do futebol não gosta de ver destruído: uma jogada brilhante que acaba na bancada, um remate com selo de golo que afinal não chega ao destino. Mas também os desarmes, os tackles e a perfeita leitura da jogada para jogar na antecipação, são brilhantemente efectuados por este ágil defesa-central de 1,75m e 72kg. Com notável sentido posicional e capacidade de impulsão invulgar, temperamental, Cannavaro marca os adversários implacavel e destemidamente, sejam eles Henry, Eto'o, Villa ou Nei, Fogaça e Tomané.
Esta eleição também acabou com o reinado de Ronaldinho, eleito sucessivamente até então. Quanto a mim foi uma saudável escolha, por vários motivos: acabou com o peso dos nomes que ganham sozinhos fazendo com que o brasileiro tenha de "jogar à bola" para voltar a provar que é o nº1; acabou com o estigma de ter de eleger Ronaldinho enquanto este fosse jogador profissional; premiou, de facto, um campeão do Mundo e não alguém que se andou a "arrastar" na competição.
Por outro lado torna-se incompreensível como jogadores da classe de Maldini, Roberto Carlos ou Nesta não possam ter ganho também o troféu, sobretudo os dois primeiros: Maldini é uma lenda viva do futebol mundial e Roberto Carlos foi durante anos a fio o melhor lateral-esquerdo do Mundo, fazendo tremer os adversários com o seu pontapé-canhão e a sua velocidade. Aí se revela a hipocrisia da FIFA (mas também dos seleccionadores) sempre que tem de fazer esta eleição.
Mais: continuo sem perceber o que estava a fazer Zinedine Zidane naquele palco. Um jogador que faz um Mundial medíocre (no qual se aproveita apenas um jogo, contra a Espanha) e que na Final da competição fez o que toda a gente viu (o célebre coup de boule) tem de ser automaticamente excluído deste tipo de prémios, doa a quem doer. Por aqui se vê a força de Michel Platini e do contingente francês dentro da FIFA e da própria UEFA e se percebe o porquê do ex-capitão da selecção gaulesa avançar com uma candidatura contra Joseph Blatter.
Mais ainda: "é uma espécie de prémio de final de carreira para Zidane" dirão alguns. Seja. Mas pensem um pouco e chegarão a este veredicto: quantos jogadores fora-de-série não receberam prémios destes (falo da eleição de Zidane como melhor jogador do Mundial de 2006 e da eleição como 2º melhor jogador do Mundo)? Porque não o nosso Luís Figo, que fez um enormíssimo Mundial e ficou de mãos a abanar? Também ele estava em final de carreira, assim como outros ao longo do anos: Rui Costa, Zola, Maldini, R. Carlos só para citar os mais conhecidos.
Não quero aqui rebaixar, de maneira nenhuma, Zidane, um senhor do futebol mundial, mas sim questionar os senhores da FIFA e da UEFA, organizações que não se cansam de apregoar sempre nestas "galas" o famigerado fair play, mas que depois são os primeiros a excluir este parâmetro para uma eleição completamente à margem daquilo que defendem e das bandeiras que empunham.
Percebem o que eu digo quando falo de hipocrisia?

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