Sunday, January 27, 2008

Koeman, o epicentro da crise?

Começo pela estatística. Desde que Koeman chegou ao Valência, a equipa realizou 18 jogos, dos quais ganhou 6, empatou 5 e perdeu 7, marcando 15 golos e sofrendo 19. Só isto chegava para despedir muito bom treinador. Contudo, e visto ter entrado a meio da época, Koeman tem tido o beneficio da dúvida de seu lado, embora este se vá esgotando a cada nova derrota. Neste fim-de-semana, o Valência perdeu novamente, desta vez no seu estádio frente ao Almería, que luta pela manutenção.



A exibição foi muito cinzenta, notando-se uma terrível incapacidade de criação, fruto das ausências dos pilares Baraja (lesionado) e Albelda (afastado por decisão técnica), jogando por eles o recém-contratado Maduro e Marchena. Este meio-campo, altamente defensivo e de fraca criatividade, lateralizou demasiado o seu jogo, pondo a cargo de Joaquín e Vicente as jogadas de ataque. Estes, possivelmente desmotivados pela crise interna do clube, não tiveram a necessária cabeça limpa para criar o perigo que a equipa desesperadamente necessitava.

Na frente, as bolas não chegavam a Villa, completamente desapoiado por David Silva, que Koeman pôs a jogar atrás do ponta-de-lança (posição na qual não se sente tão à vontade como na ala). Na defesa, Arizmendi jogou uma vez mais a lateral-direito.

Para se (des)entender melhor a confusão de Koeman, este, ao perder por um golo ao intervalo, tirou Silva e Vicente (dos melhores até então) e colocou em campo Miguel e o ponta-de-lança Zigic, passando Arizmendi de lateral-direito para extremo-esquerdo (!), desfasando aí qualquer noção de conjunto que a equipa (ainda) tivesse. Como se não bastasse, Koeman decidiu então tirar o mesmo Arizmendi quando faltava meia-parte e colocou em campo Mata, passando a equipa a jogar de um 4-4-1-1 para uma variante de 3-4-3 (com um organizador atrás dos avançados e fazendo descer o extremo restante para meio-campo), táctica que como se sabe, leva meses ou mesmo anos para se tornar compacta. Tudo isto resultou em... nada. A bola deixou de circular com cabeça e passou a ser um jogo monótono de luta a meio-campo, no qual o 4-3-3 do Almería nem teve que se esforçar muito para conter a pressão valencianista.

Em resumo, este jogo prova a decadência em que o clube está a entrar, dinamizada por um conjunto de decisões tomadas pelos dirigentes e pelo corpo técnico que resultaram, até agora, naquilo que parece um largo e doloroso trilho até à segunda divisão espanhola. Como curiosidades finais, resta referir o seguinte:
  • ex-treinador Quique Flores tinha até à altura da sua saída o registo de 11 vitórias e 6 derrotas nos 17 jogos disputados até então;
  • Albelda, como referi anteriormente afastado por decisão técnica (tal como Angulo e Cañizares) interpôs uma acção judicial ao clube do seu coração para que este o deixe sair sem pagar a cláusula de 60 milhões à qual está ligado;
  • Dos 15 golos que o Valência marcou com Koeman, um terço deles (5) foi contra o Irún, da Divisão B espanhola, a contar para a Taça do Rei;
  • O Valência não ganha há 9 jogos para a Liga;
  • Koeman disse no final do jogo com o Almería que "agora já olha para os lugares de descida";
Os espanhóis dizem que já viram o mesmo filme com o Atlético de Madrid quando este desceu à segunda divisão. Para já o Valência vai com 27 pontos (11º), mas apenas com mais 5 pontos que o Recreativo (18º) e mais 7 que o Deportivo (19º).

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