Thursday, May 15, 2008

O Euro da transição

Scolari pode ser antipático quando questionado sobre o facto de jogadores suplentes nos seus clubes irem ao Europeu de futebol. Pode inclusive ser rude quando lhe insistem com a questão dos jogadores que não estão. Mas verdade seja dita, o Sargentão levou a cabo, nos últimos anos e quase sem se dar por isso, uma autêntica revolução na selecção portuguesa. Essa transição da geração de ouro para uma nova sem qualquer epíteto é para mim o maior mérito de Scolari. Isso e a mobilização da equipa e do povo. Quanto às questões técnico-tácticas, continuo a achar Scolari muito rígido, não tendo, ao fim de 5 anos, uma alternativa válida ao gasto 4-2-3-1 da selecção portuguesa. É verdade que lá vai funcionando, mas esta fase de qualificação foi em diversos momentos, um autêntico flagelo aos olhos dos portugueses, tal a preocupação defensiva face a adversários teoricamente inferiores quando Portugal possui dos melhores atacantes do futebol europeu.

Seja, como for, importa fazer uma análise à convocatória do Euro 2004 e à do Euro 2008, para nos apercebermos de quem transitou ao longo dos últimos 4 anos:
  • Ricardo e Quim
  • Miguel e Ricardo Carvalho
  • Petit e Deco
  • Simão, Cristiano Ronaldo, Nuno Gomes e Postiga
Ou seja, apenas 10 jogadores permaneceram nas escolhas de Scolari findos 4 anos e curiosamente (ou talvez não, já explico) o sector ofensivo é o mais conservador. E porquê? A resposta é simples: em 4 anos, Portugal não foi capaz de criar um avançado selecionável a longo curso. Numa outra selecção de maior qualidade, já Nuno Gomes e Postiga teriam sido erradicados há muito da selecção, tal a fraca apetência para marcar golos. Também por aqui passa a rigidez do sistema táctico da selecção, pois não existe um avançado capaz de marcar golos sozinho, o que permitiria um outro tipo de abordagem ofensiva. Tendo estes, não podemos aspirar a nada mais do que o mesmo plano de há muitos anos. Sendo assim, a selecção não vai fugir muito disto:

Ricardo; Bosingwa, Carvalho, Bruno Alves, P. Ferreira; Meireles, Simão, Deco; Ronaldo, Quaresma e Nuno Gomes.

Apesar da qualidade, tenho pena de que só exista este sistema. Com o necessário tempo de afirmação de uma nova estrutura, eu jogaria com um 4-4-2 manchesteriano, isto é, o sistema ideal para Ronaldo mostrar tudo aquilo que sabe. Assim sendo, a minha equipa seria:

Ricardo; Bosingwa, Carvalho e Pepe, P. Ferreira; Simão, Deco, Moutinho e Quaresma, Ronaldo e Almeida.

Chamem-me maluco, mas acho que funcionaria! Almeida funcionaria como Rooney, Ronaldo como Ronaldo, Moutinho e Deco como Carrick e Anderson respectivamente, os extremos seriam ainda melhores que os do Man Utd quando Ronaldo joga lá na frente (Simão e Quaresma são para mim melhores que Nani, Fletcher ou Giggs) e na defesa, a maior mudança. O avanço seria pela direita (Bosingwa por Evra) e não pela esquerda como habitualmente acontece com os red devils (P. Ferreira por Brown neste caso). Quanto a centrais, gostaria que Andrade estivesse presente, mas sendo assim, contento-me com a bravura de Pepe em detrimento do peso de Alves. E pronto, uma equipa de sonho para rebentar com eles. Já agora, Ferguson como seleccionador :)

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