Certamente que não era um brasileiro no toque de bola, mas tinha sempre forma de passar o adversário, fosse com a apoio das triangulações dos companheiros (Paneira, Valdo, Thern e Chalana eram exímios nesse aspecto), fosse através de um excelente posicionamento em campo. Mesmo que habituados a um outro tipo de avançado, os adeptos benfiquistas renderam-se à estatística do sueco: 87 golos em 164 jogos! E ainda hoje, muitos deles, quando vêem Nuno Gomes a falhar mais um golo, clamam pelo artilheiro de cabelos amarelos!
Ao nível do futebol, era fantástico ver actuar o Benfica de finais dos anos 80, já que era uma equipa de muitos contrastes: enquanto as outras grandes equipas apostavam em centrais pouco técnicos, no Benfica os brasileiros Mozer, Aldair e Ricardo Gomes eram as referências defensivas. No meio-campo e no ataque, o contraste geral: extremos portugueses a criar jogo em vez de brasileiros* e um sueco a facturar golos lá na frente. Pelo meio, Valdo como esteio da normalidade. Foi uma equipa de sonho que alcançou a final da Taça dos Campeões Europeus logo na primeira época de Magnusson de águia ao peito (a do penalty de Veloso, frente ao PSV) . O sueco foi aliás uma autêntica revelação, com 13 golos em 26 jogos disputados (média de um golo a cada 2 jogos).
Mas o melhor estava para vir. Numa fase do futebol português em que o vice-campeão costumava fazer carreiras fantásticas a nível do futebol europeu (nas 3 finais em 4 anos, tanto Porto como Benfica nunca conseguiram ganhar o campeonato quando chegaram à final da Taça dos Campeões), Magnusson sagrou-se campeão por 2 vezes nas 5 épocas em que esteve no Benfica, ambas sob o comando de Sven-Goran Eriksson, o outro sueco que trouxe Thern e que foi capaz de entender a melhor forma de rentabilizar todo o potencial de Magnusson. Resultado: melhor marcador do campeonato em 89/90 com 33 golos! Pelo meio, foi atingida novamente a final da Taça dos Campeões, infelizmente perdida para um Milan de outro planeta (Baresi, Maldini, Rijkaard, van Basten, Gullit...).

Talvez o seu maior mérito na Suécia tenha sido mesmo o do ensino, pois jovens como Brolin, Dahlin e mesmo o mítico Larsson, todos eles tinham algo de Magnusson, fosse a mobilidade e posicionamento frente à baliza ou meramente o instinto de predador.
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Como curiosidade final, assinalar que Magnusson esteve presente em Copenhaga na pré-eliminatória da Champions do ano transacto, com o seu belo cachecol do Benfica. Se ainda procuram mística, hei-la!
* O lançamento de jovens extremos portugueses foi uma das melhores heranças de Eriksson, entretanto perdida em todo o caos em que o Benfica entrou na década de 90. Diamantino, Paneira ou Chalana não são apenas marcas do Benfica, são forças de identidade do mesmo! O facto do Benfica ter sido a última vez campeão graças à excelente forma de Simão, não é alheio a este facto. O clube da Luz gosta e acarinha os jogadores que partem sem medo pelas alas e, como se sabe, um jogador acarinhado na Luz é meio caminho andado para ganhar a confiança necessária para se tornar numa estrela e consequentemente, ganhar títulos.