Na segunda decisão da semana, o Manchester United passou o exame. Foi muito difícil, como atesta o resultado, além da exibição não ter sido "especial". Foi antes um jogo de paciência, com muitos passes curtos, lateralizações, cruzamentos, aberturas pelo meio, enfim... tudo se tentou para chegar ao golo, mas as preocupações defensivas de ambos os conjuntos sobrepuseram-se à qualidade ofensiva das equipas.
Ganhou o Manchester porque foi mais eficaz, perdeu o Barcelona, porque apenas conseguiu construir jogadas com príncipio e meio, faltando-lhe o fim. Aliás, o Barcelona deu, durante quase toda a 2ª parte, a ideia que a qualquer momento poderia marcar. Messi foi brilhante na transição defesa-ataque, mas faltou-lhe o último passe. Eto'o não teve uma única oportunidade para finalizar. Bojan e Gudjohnsen nada acrescentaram. Henry teve uma oportunidade em zona previligiada para o seu pé direito mas o remate saiu fraco. Deco foi o mais rematador e teve perto do golo em 2 remates (um desviado pelo defesa, outro por cima).Não se pode dizer que tenha faltado capacidade de concretização, faltaram antes as oportunidades para tal. No fundo, foi um final triste e irónico daquela célebre equipa que venceu a Champions à 2 anos: triste porque no cinjunto das duas mão não marcaram qualquer golo, irónico porque a equipa ficou na história pela facilidade com que criava oportunidades de golo.
Finalizando, falar do Manchester United. É a equipa do ano pelo modo como empolga o adepto de futebol. Praticam um futebol vertical, cheio de energia, por vezes demasiado individualista, mas incapaz de deixar alguém insensível. Ronaldo, a imagem desse futebol vertiginoso, foi igualmente o reflexo da contenção a que o Manchester nos tem habituado quando o jogo é decisivo. Farto de jogar bem e perder, Ferguson é hoje um treinador cauteloso ao nível trappatoniano quando o jogo é decisivo. Mostrou-o em Londres frente ao Chelsea e mostrou-o hoje frente ao Barcelona.
E porque falei em individualismo, importa destacar o jogo brilhante de Tévez. Foi para mim o homem do jogo, pela maneira como corria a cada bola, dando a impressão que estava a jogar a trinco com marcação individual a quem tinha a bola (Park também foi um exemplo disto). Causou enormes embaraços à saída de bola do Barcelona, sendo que apenas Messi conseguia sair bem da sua pressão (respeito mútuo?).Para mim esta exibição do argentino Tévez ficará na memória. Admito que após o jogo de ontem, Tévez entrou de forma imediata para a lista dos meus jogadores favoritos. Ele, Lisandro, Liedson e todos os avançados que nunca desistem de pressionar os defesas contrários são o meu ideal de avançado. Luca Toni, Nistelrooij, Kanouté ou Jardel são ideais de formações com pouca flexibilidade táctica, que vivem para criar munições a estes artilheiros. Não é um futebol que me agrade, mas confesso, é tremendamente eficaz. Amanhã, em São Petersburgo teremos mais um exemplo dessa confiança cega no avançado-centro, quando Luca Toni entrar em campo para tentar arrasar o sonho russo. Tal como o fez ao sonho espanhol do Getafe.