Seguem-se agora algumas análises (já um pouco fora de horas) a jogos que tenho tido oportunidade de ver, destacando as exibições da Holanda, Alemanha e Suécia, que julgo serem equipas muito compactas e com a estrela necessária para serem campeãs. Os minutos finais do jogo de Espanha fazem com que esta não tenha ainda a necessária arquitectura de um vencedor.
Jogo forte por parte dos alemães, que passado muitos anos após a última vitória em europeus (12 anos...) conseguiram por fim acabar com o fantasma e de forma categórica. Podolski confirmou-se numa forma diferente dos restantes envolvidos no encontro (ser segunda opção do Bayern explica isso) e resolveu. Por sua vez, a Polónia nunca conseguiu colocar as bolas em Smolarek e o score final ajustou-se a essa realidade.
Alemanha
Positivo: O pé quente de Podolski, os trunfos do ataque em boa forma e excelentes alas.
Negativo: A lentidão do meio-campo perante contra-ataques. Frings e Ballack não têm a velocidade necessária.
Polónia
Positivo: Labor da equipa, correcção táctica, a fantasia de Roger Guerrero.
Negativo: O excessivo fio de jogo pelos extremos. Falta de soluções quando o avançado-centro é bem marcado.
O melhor jogo do Europeu até agora, com jogadas de encher o olho de parte a parte, um grande golo (de Sneidjer), grandes defesas, claques muito entusiastas e até más decisões. Começando pelo fim, a má decisão ainda hoje dá que falar pois o primeiro golo de Nistelrooy foi em claro fora-de-jogo, ainda que a UEFA tenha posto um porta-voz a interpretar a lei de forma absurda, tirando razão à Itália na queixa, que nem chorou muito esse lance, visto que apenas se pode queixar de si própria e das oportunidades clamorosas que falharam Del Piero e Luca Toni (!).
É importante realçar que a Holanda não ganhava à Itália há cerca de 30 anos, mas que o fez com um jogo virtuoso, apoiado e muito preciso no passe, exactamente aquilo que costuma ser o meio-campo italiano, mas que por teimosia de Donadoni em usar o meio-campo milanista (Pirlo, Ambrosini, Gattuso), acabou por ceder ao peso de uma época muito má do clube italiano, não encontrando os seus jogadores o necessário ritmo para acompanhar Sneidjer, Engelaar e De Jong. O Resultado acabou por ser pesado às oportunidades para cada lado, mas ainda assim, inteiramente justo.
Holanda
Positivo: Quase tudo, destacando-se o apoio de Gio, talento de Sneidjer e a stamina de Kuyt.
Negativo: A excessiva dureza de De Jong, desconcentrações esporádicas a meio-campo.
Itália
Positivo: A disponibilidade atacante de Del Piero e Grosso, o poder de Buffon.
Negativo: Cansaço do meio-campo e a inexperiência de Barzagli perante Nistelrooy.
Resultado pesado para aquilo que se passou em campo, contudo a prova da eficácia espanhola perante o desacerto russo. Um David Villa inspiradíssimo bastou para quebrar o bloco de leste, que sofreu muito cá atrás com as investidas de Torres e do citado Villa. Quando estava 2-0 e Aragonés tirou Torres por Fabregas, apenas um novo pesadelo começou para os russos, que embora beneficiando de mais bola viram como os contra-ataques eram melhor executados e mais perigo causavam. Tudo isto poderia bastar para pôr a Espanha no lote dos favoritos, no entanto a desconcentração total no golo e após este (durante 5 a 10 minutos) provam que é uma equipa que não sabe reagir à adversidade. Pode ser que tenham a sorte que lhes faltou durante muito e muitos torneios anteriores, mas ficou bem assinalada a ideia de que ainda falta a mentalidade que, por exemplo, a Suécia já possui.
Espanha
Positivo: O poder de fogo que revelam Torres e Villa, meio-campo muito técnico e grande segurança de Senna transmite.
Negativo: A incapacidade de reacção à adversidade. Intranquilidade de Puyol.
Rússia
Positivo: Akinfeev revelou segurança e Zhirkov foi sempre uma ameaça constante.
Negativo: Más opções atacantes de Hiddink (Bystrov entrou a substituir e depois saiu para ser substituído) e falta de agressividade na defesa.
Ibrahimovic é afinal a chave para abrir o cofre-forte grego. Só através da rudimentar lei da bala é que o bósnio-sueco conseguiu abrir aquilo que parecia impossível: a baliza de Nikopolidis. Numa grande combinação com o eterno Larsson (fiquei chocado com os seus cabelos brancos no meio da carapinha), Ibrahimovic desferiu um autêntico míssil que resulta no melhor golo (a par do de Sneidjer) na competição até agora. Depois foi ver os gregos a tentar atacar apoiado (algo parecido a uma anedota) e numa jogada de felicidade extrema, os suecos conseguiram introduzir de novo a bola na baliza (parece que a sorte dos gregos acabou ali mesmo), fixando o resultado e ditando leis. Para o registo ficou, assim como a forte mentalidade da Suécia, que perante defesa tão bem guardada, souber esperar o momento certo para morder.
Grécia
Positivo: A vontade de Karagounis em quebrar o sistema, a força dos centrais gregos.
Negativo: O mesmo tipo de jogo, a mesma forma de ganhar os jogos. Quando Ibrahimovic marcou a reacção desesperada de Otto Rehaggel demonstra exactamente ao que vinham os gregos.
Suécia
Positivo: Acima de tudo a mentalidade vencedora e paciente. Ibrahimovic como flecha e Larsson como voz de comando que todos ouvem e respeitam.
Negativo: Pareceu-me que o guarda-redes não oferece muita segurança ao sector defensivo. E claro, perante jogadas mais violentas, o temperamento de Ibrahimovic pode sempre rebentar, e aí, adeus Europeu para a Suécia.
Jogo forte por parte dos alemães, que passado muitos anos após a última vitória em europeus (12 anos...) conseguiram por fim acabar com o fantasma e de forma categórica. Podolski confirmou-se numa forma diferente dos restantes envolvidos no encontro (ser segunda opção do Bayern explica isso) e resolveu. Por sua vez, a Polónia nunca conseguiu colocar as bolas em Smolarek e o score final ajustou-se a essa realidade.
Alemanha
Positivo: O pé quente de Podolski, os trunfos do ataque em boa forma e excelentes alas.
Negativo: A lentidão do meio-campo perante contra-ataques. Frings e Ballack não têm a velocidade necessária.
Polónia
Positivo: Labor da equipa, correcção táctica, a fantasia de Roger Guerrero.
Negativo: O excessivo fio de jogo pelos extremos. Falta de soluções quando o avançado-centro é bem marcado.
O melhor jogo do Europeu até agora, com jogadas de encher o olho de parte a parte, um grande golo (de Sneidjer), grandes defesas, claques muito entusiastas e até más decisões. Começando pelo fim, a má decisão ainda hoje dá que falar pois o primeiro golo de Nistelrooy foi em claro fora-de-jogo, ainda que a UEFA tenha posto um porta-voz a interpretar a lei de forma absurda, tirando razão à Itália na queixa, que nem chorou muito esse lance, visto que apenas se pode queixar de si própria e das oportunidades clamorosas que falharam Del Piero e Luca Toni (!).
É importante realçar que a Holanda não ganhava à Itália há cerca de 30 anos, mas que o fez com um jogo virtuoso, apoiado e muito preciso no passe, exactamente aquilo que costuma ser o meio-campo italiano, mas que por teimosia de Donadoni em usar o meio-campo milanista (Pirlo, Ambrosini, Gattuso), acabou por ceder ao peso de uma época muito má do clube italiano, não encontrando os seus jogadores o necessário ritmo para acompanhar Sneidjer, Engelaar e De Jong. O Resultado acabou por ser pesado às oportunidades para cada lado, mas ainda assim, inteiramente justo.
Holanda
Positivo: Quase tudo, destacando-se o apoio de Gio, talento de Sneidjer e a stamina de Kuyt.
Negativo: A excessiva dureza de De Jong, desconcentrações esporádicas a meio-campo.
Itália
Positivo: A disponibilidade atacante de Del Piero e Grosso, o poder de Buffon.
Negativo: Cansaço do meio-campo e a inexperiência de Barzagli perante Nistelrooy.
Resultado pesado para aquilo que se passou em campo, contudo a prova da eficácia espanhola perante o desacerto russo. Um David Villa inspiradíssimo bastou para quebrar o bloco de leste, que sofreu muito cá atrás com as investidas de Torres e do citado Villa. Quando estava 2-0 e Aragonés tirou Torres por Fabregas, apenas um novo pesadelo começou para os russos, que embora beneficiando de mais bola viram como os contra-ataques eram melhor executados e mais perigo causavam. Tudo isto poderia bastar para pôr a Espanha no lote dos favoritos, no entanto a desconcentração total no golo e após este (durante 5 a 10 minutos) provam que é uma equipa que não sabe reagir à adversidade. Pode ser que tenham a sorte que lhes faltou durante muito e muitos torneios anteriores, mas ficou bem assinalada a ideia de que ainda falta a mentalidade que, por exemplo, a Suécia já possui.
Espanha
Positivo: O poder de fogo que revelam Torres e Villa, meio-campo muito técnico e grande segurança de Senna transmite.
Negativo: A incapacidade de reacção à adversidade. Intranquilidade de Puyol.
Rússia
Positivo: Akinfeev revelou segurança e Zhirkov foi sempre uma ameaça constante.
Negativo: Más opções atacantes de Hiddink (Bystrov entrou a substituir e depois saiu para ser substituído) e falta de agressividade na defesa.
Ibrahimovic é afinal a chave para abrir o cofre-forte grego. Só através da rudimentar lei da bala é que o bósnio-sueco conseguiu abrir aquilo que parecia impossível: a baliza de Nikopolidis. Numa grande combinação com o eterno Larsson (fiquei chocado com os seus cabelos brancos no meio da carapinha), Ibrahimovic desferiu um autêntico míssil que resulta no melhor golo (a par do de Sneidjer) na competição até agora. Depois foi ver os gregos a tentar atacar apoiado (algo parecido a uma anedota) e numa jogada de felicidade extrema, os suecos conseguiram introduzir de novo a bola na baliza (parece que a sorte dos gregos acabou ali mesmo), fixando o resultado e ditando leis. Para o registo ficou, assim como a forte mentalidade da Suécia, que perante defesa tão bem guardada, souber esperar o momento certo para morder.
Grécia
Positivo: A vontade de Karagounis em quebrar o sistema, a força dos centrais gregos.
Negativo: O mesmo tipo de jogo, a mesma forma de ganhar os jogos. Quando Ibrahimovic marcou a reacção desesperada de Otto Rehaggel demonstra exactamente ao que vinham os gregos.
Suécia
Positivo: Acima de tudo a mentalidade vencedora e paciente. Ibrahimovic como flecha e Larsson como voz de comando que todos ouvem e respeitam.
Negativo: Pareceu-me que o guarda-redes não oferece muita segurança ao sector defensivo. E claro, perante jogadas mais violentas, o temperamento de Ibrahimovic pode sempre rebentar, e aí, adeus Europeu para a Suécia.
1 comment:
Excelente blog que aqui têm, António.
Um abraço,
João Carlos Silva
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