Foi com imenso prazer que assisti à consagração da Espanha como campeã da Europa! Fizeram um jogo fantástico, pleno de inteligência, garra e técnica, as três virtudes sobre as quais assentou este seleccionado vencedor de Aragónes.
No jogo de hoje, viu-se uma vez mais o espírito de equipa que a Espanha teve ao longo do torneio, quando carentes da pontaria de Villa, socorreram-se de Torres, que sempre ambicioso, marcou o golo que decidiu a final e o vencedor. Um golo à avançado, diga-se de passagem. E assim, em vantagem, a Espanha esperou para ver a reacção da Alemanha. Não foi um daqueles casos de uma grande reacção, mas ela existiu de facto, a espaços, mas sempre com a palavra perigo inscrita nas botas dos seus atacantes. Tal perigo apenas aconteceu uma vez, e num remate de fora de área de Ballack. Ora, quando a melhor oportunidade de golo do adversário é um remate desse tipo, fica bem delineado o quão perfeita foi a Espanha defensivamente (houve desconcentrações, mas bem resolvidas pelos companheiros de sector).
Assim, passado quatro anos da desilusão futebolística de 2004, temos em 2008 um campeão que pratica um futebol vistoso e eficaz. Conjuraram-se cenários de vitória do futebol cinzento e acima de tudo, mostrou-se ao mundo que é possível ganhar jogando de forma bela aos olhos do telespectador. Uma boa visão do futebol para concluir, mas não deixo escapar a oportunidade para incentivar uma vez mais ao recurso às novas tecnologias na arbitragem, isto porque o árbitro da partida esteve bastante mal a ajuizar vários lances, além do critério disciplinar ter sido péssimo (o amarelo a Casillas é de deixar qualquer espanhol louco de raiva). A rever esse aspecto e claro, o futebol da Espanha.Para o fim, a apreciação individual dos vários jogadores-chave espanhóis e habitual positivo e negativo:
Casillas: Se há ano para a sua consagração como melhor guarda-redes do mundo, é este. Influência máxima no espírito de concentração da equipa.
Sergio Ramos: Um aventureiro, um jogador solidário e a lembrança constante do amigo Puerta. - Também ele foi campeão hoje.
Puyol: A personificação da garra. Não foi brilhante, mas foi muito seguro. Como é aliás, seu estilo.
Marchena: A revelação para mim. Uma época toda a jogar a trinco e depois faz exibições de alta qualidade a central e consecutivamente. Magnífico!
Capdevila: O lateral esquerdo que tanta inveja nos faz. Muito sóbrio e aguerrido, tinha em Senna o seu companheiro mais fiel.
Senna: Que me perdoem Casillas, Iniesta e Villa, mas o melhor do torneio foi mesmo Senna. Absolutamente genial nas compensações e nas dobras, irrepreensível tacticamente. O melhor!
Xabi Alonso: Entrou a espaços, mas se a equipa não sofreu golos no mata-mata, muito também se deve a ele.
Iniesta: Foi dos que mais fintaram com sucesso. O modo como controla a bola é assombroso e em muito ajudou no auto-controlo emocional da equipa.
Xavi: Tal como Iniesta, é dos tais que parece não ter ancas, tal a rapidez com que se viram. Brilhante no passe e no empurrar da equipa para a frente.
Fabregas: Teve papel fulcral na semi-final e exibiu sempre a sua arte quando solicitado. Futuro genial à sua frente.
Cazorla: Trabalhador e técnico, entrou sempre bem em campo. Aposta acertada de Aragonés.
David Silva: Foi irreverente em grandes doses e parecia amadurecer a cada jogo. Fez esquecer por completo Joaquín, Vicente e Capel.
Torres: Decisivo na final, parecia estar a guardar-se para este jogo. The kid é hoje o mais sério candidato (pelos golos e este título) a derrotar Cristiano Ronaldo na eleição do melhor do mundo.
Villa: Sai como melhor marcador do torneio. De grande recorte técnico e exímio na finalização.
Guiza: Um jogador de grande porte atlético e de grande capacidade de finalização. Tem a capacidade de intranquilizar qualquer defesa.
Alemanha:
Positivo: A raça da equipa mesmo com um claro défice técnico em relação ao rival. Tiveram a capacidade de pôr em sentido a atenção da defesa espanhola.
Negativo: Ausência de um líder com uma aura vitoriosa (Ballack é o inverso disso), equipa com poucos recursos ofensivos e nervos sempre à flor da pele.
Espanha:
Positivo: Ganhar uma final é sempre o cúmulo do sentido positivo. Aragonés e a sua teimosia pelo bom futebol. Todo o trabalho dos jogadores em campo.
Negativo: Desconcentrações esporádicas que poderiam ter resultado mal.