Thursday, December 10, 2009

O outro Sporting

Curiosamente ou não, dou por mim a acompanhar o Sporting de Gijón na Liga Espanhola, fruto do seu espírito guerreiro, muito serrano (mesmo sabendo que Gijón situa-se na costa asturiana) e sobretudo do acompanhamento persistente e entusiástico dos seus seguidores, entre eles o hermano La Cola de Vaca e o recém-descoberto El empaque.

Actualmente no 7º lugar da Liga, o Sporting é uma equipa que veio da segunda liga espanhola há cerca de dois anos, tendo acabado em 3º nessa época, num dos muitos "milagres" de Preciado, seu treinador. Entre os outros "milagres" (nem se deviam chamar assim, pois são fruto de um trabalho rigoroso e assertivo) estão a permanência na La Liga da época seguinte, com um dos orçamentos mais baixos e claro, a actual situação da equipa asturiana, a lutar pelos lugares das competições europeias, competindo de igual para igual com equipas como o Deportivo, Atlético ou o Villarreal. Barcelona e Real Madrid, esses estão numa classe à parte.

Se é verdade que Manuel Preciado tem muitíssimo mérito na performance do Sporting, também não é menos verdade que o Molinón, estádio do clube, é infernal para os adversários e incansável no apoio à sua equipa. Verdadeira fortaleza para a equipa, é garantia de pontos fundamentais para a permanência entre os melhores, tratando-se esse do principal objectivo do clube, mesmo que agora a situação seja excelente. A temporada passada é prova de que esta equipa necessita de ter os pés assentes na terra, pois após uma campanha brilhante entre Outubro e Janeiro de 2008, a equipa foi-se de tal maneira abaixo que por pouco não desceu.

Esta época o futebol é talvez menos entusiástico, mas muito mais efectivo. Para isso contribui em muito a espinha-dorsal da equipa constituída pelo guarda-redes Juan Pablo, o defesa Gregory, os médios De las Cuevas e Rivera e o avançado Bilic. Outras unidades habituais (mas não fundamentais) no onze são os laterais Canella (muito promissor) e Lora, os médios Diego Castro (jogador eficaz) e Michel e os atacantes Barral e Morán.

Existe alguma profundidade nas opções à equipa principal como é exemplo Camacho, Maldonado ou Carmelo, mas nota-se que falta alguma consistência atacante, talvez por falta de soluções dentro do plantel. Actuando normalmente apenas com um ponta-de lança e sabendo-se da dificuldade que é jogar fisicamente contra dois defesas, Bilic e Barral são as únicas alternativas para a posição. Morán é para um tipo de jogo mais rápido e Maldonado é um inadaptado às circunstâncias da equipa pois não é nem possante nem rápido, é contudo interessante num sistema de dois avançados, algo que Preciado raramente utiliza como base táctica.

O Sporting trata-se assim de uma equipa compacta, com algumas soluções de variação de jogo (ainda que a qualidade defensiva esteja um degrau abaixo do disponível para meio-campo), com muito nervo e garra, mas sem a classe necessária em alguns jogadores para fazer a diferença frente aos colossos espanhóis. Fazem falta jogadores como Luis Enrique ou David Villa, jogadores oriundos do clube e que fazem parte do melhor que o futebol espanhol tem para oferecer.

É, em suma, uma equipa feita para o combate pela manutenção e esse é o seu principal trunfo, pois não gasta além das suas capacidades e procura crescer passo a passo, sem loucuras, até porque Celta de Vigo, Zaragoza ou Bétis são exemplos perfeitos do que não se deve fazer numa liga tão competitiva como a espanhola.

1 comment:

Pablo G. said...

Gracias por citarme y hace mucha ilusión observar el cariño que le tiene al Sporting una persona de otro país.
Saludos