Thursday, February 26, 2009

Os empatas: Espanha

Capítulo II desta série, centremo-nos agora no país vizinho onde 4 dos principais clubes enfrentam a cada jornada o "enfado" por um ou outro jogador do onze. O Real Madrid, fonte de fúrias e onde se espera sempre o melhor é possivelmente o clube que mais vitimiza os seus jogadores, pois está habituado a ter peças de classe em cada posição. O Barcelona, numa linha diferente, aposta na cantera mas tal investimento acarreta muita contestação. Já o Valência funciona mais como clube investidor do que instigador. O Atlético de Madrid é uma equipa virada para o ataque, daí que a defesa seja sempre contestada. Passemos então à análise:


Real Madrid: Heinze

O argentino constitui-se como uma das piores contratações da história do Real Madrid. Por incrível que pareça, o problema não está no seu rendimento na equipa, mas sobretudo naquilo que significou a sua contratação: se dúvidas havia sobre a quezília entre Manchester United e Real Madrid por causa do tema C. Ronaldo, a rescição de Heinze do clube inglês para assinar pelo espanhol foi certamente a assinatura no pacto de guerra entre os dois gigantes. Além disso, Heinze é um jogador medíocre, sem nível para um Real que procura sempre o melhor sem olhar muito para os custos. O facto de continuar a ser titular só prova uma coisa: o Real Madrid é uma manta de retalhos na defesa. Se Heinze joga é apenas porque Marcelo ou Drenthe são ainda piores. Mas esses não têm ainda idade nem responsabilidade para se denominarem de empatas. Ao contrário do argentino.

Barcelona: Valdés

Não há volta a dar, sem uma portentosa exibição num duelo entre grandes clubes, não há reconhecimento a dar a um guarda-redes. Casillas teve a sorte de o fazer exactamente no seu jogo de estreia na final da Liga dos Campeões. Valdés ainda aguarda pelo seu momento de glória, em que seja ele a capa do jornal no dia seguinte. À falta disso, Valdés será sempre posto em dúvida, por muitas boas exibições que faça ao longo de toda a época. Ao ser apenas mais um nos grandes jogos, Valdés será sempre posto em causa e olhado com desconfiança. Além disso, nos jogos onde falha, o peso de uma crítica vale por dois. Daqui a uns anos, quando Valdés já não for titular, os adeptos catalães continuarão a perguntar-se: há quanto tempo não temos um guarda-redes que nos dê total e absoluta confiança como o fez Zubizarreta?

Valência: Marchena

Central de grande qualidade, Marchena é contudo demasiado conflituoso com tudo o que o rodeia. É o típico jogador selvagem que discorda de tudo aquilo que considera estar longe do seu agrado. Desde as decisões do treinador, aos companheiros de defesa, ao guarda-redes, aos árbitros passando finalmente pelos adeptos e dirigentes. Em constante conflito, Marchena dá golpes profundos na harmonia em que se quer um clube de futebol. Felizmente para ele e para o Valência, o futebol espanhol, algo anárquico e carente de carisma, tem em Marchena um jogador ideal para o meio. Infelizmente, para ganhar títulos e para fazer boas competições europeias, Marchena já não é certamente o jogador ideal na equipa. Contudo, para um bom campeonato é mais que suficiente.

Atl. Madrid: Paulo Assunção

O luso-brasileiro não é certamente quem tem a culpa directa, mas a fraca performance da defesa do clube não pode estar ligada apenas aos elementos que a compõem. O jogo do Atlético é partido ao meio e quem tinha de fazer essa ligação era Paulo Assunção. Talvez o jogador não seja o indicado para a fazer pois é sobretudo um recuperador e não um homem de transição (Maniche não vem atrás com a mesma predisposição que o fazem Lucho e Meireles), no entanto nem na tarefa de recuperação Assunção tem sido brilhante. Pode-se imputar mais culpas ao treinador, a Maniche e Raúl Garcia que não vêm atrás e claro aos defesas, contudo acho que Assunção não atingiu sequer metade do rendimento que exibiu no FC Porto. Isto ao contrário da sua língua, que parece mais afiada que nunca.

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