Não, não é a anual crónica de começo da época balnear e do calor, é simplesmente um retrato do que se passou este domingo, 8 de Fevereiro de 2009.
Aqui no "Crónicas" nunca revelámos abertamente a cor clubística de cada um dos nossos intervenientes e foi nosso desejo, desde o início, demonstrar diferentes pontos de vista proporcionados por essas mesmas diferenças clubísticas, a fim de promover um salutar e interessante debate de opiniões para quem gosta de futebol como nós. Por outro lado, não é preciso ser nenhum "Einstein" para perceber por quem torce cada um dos nossos cronistas (eu incluído), bem pelo contrário, bastam apenas dois dedos de testa e duas linhas para o perceber. Se os nossos leitores mesmo assim não o conseguem entender então estamos mal... mas partiremos do princípio que está tudo muito claro.
Voltando ao título desta crónica, o País esteve a banhos este domingo com o Sporting-Sp. Braga e o Porto-Benfica. E este a banhos porquê, perguntará o leitor. Muito simples: Sporting e Porto a jogar em casa e (a expressão é mesmo assim) "levaram um banho de bola" de Sp. Braga e Benfica.
Em Alvalade o Sporting nunca se conseguiu superiorizar em momento algum aos minhotos, que podiam ter saído de Alvalade com uma vitória por números históricos, e até nos lances que deram golo para o Braga houve várias oportunidades para poderem marcar. O Sporting, apesar da rotatividade levada a cabo por Paulo Bento, pareceu uma equipa cansada e sem ideias e nem os fogachos de Vukcevic fizeram esquecer Liedson desta vez.
No Dragão, o "tri-campeão" Porto, com quase duas semanas de descanso, voltou a não conseguir demonstrar que é superior ao Benfica, tal como havia acontecido na 1ª volta. Voltou a marcar só de "penalty" e Jesualdo Ferreira voltou a demonstrar que é um treinador absolutamente banal, insípido, pouco inteligente nas substituições e lento de processos. Não conseguiu vencer o Benfica a jogar com mais um durante cerca de 40 minutos e ontem foi dominado em casa por um adversário que ele próprio vinha rotulando de frágil e intermitente. Além disso, continua a escudar-se em análises pós-jogo que não se adequam à realidade que todos viram e quando lhe perguntam sobre a exibição do árbitro fecha-se num casulo que seria de bom-senso mas que não passa de uma imitação barata da virgem ofendida. Excepção feita a três remates de Hulk na 2ª parte, para defesas difíceis mas seguras de Moreira, o Porto foi um deserto de ideias e mesmo Lucho, em determinadas alturas, não teve discernimento para conduzir o jogo dos portistas. Na 1ª parte, sem dúvida que houve um ascendente do Porto, com dois ou três remates que nem chegaram a importunar Moreira ou que levaram a defesas fáceis para o guardião da turma da Luz, sendo que as verdadeiras oportunidades de perigo e de golo foram para os encarnados: Reyes, por duas vezes, e Yebda, no lance do golo.
Na 2ª parte, o Porto continuou no deserto de ideias, à excepção dos lances de Hulk já referidos, e foi o Benfica que dominou e controlou o ritmo de jogo a seu bel-prazer e podia ter ampliado e muito a vantagem, com Suazo, Amorim e Di Maria a terem a oportunidade de matar o jogo.
Mas em equipas deste nível é sempre de esperar que os artistas tirem um coelho da cartola e resolvam o jogo. Aimar, Cardozo, Di Maria, Reyes, Lucho, Lisandro, Hulk, Rodriguez... não, o artista foi mesmo Pedro Proença, tirando um coelho que nem sequer saiu da cartola mas apenas e só da sua fértil imaginação, como o fazem as criancinhas nos seus mundos de "faz-de-conta".
E assim resolveu um jogo e um resultado que humilharia os portistas, que nem sequer vieram pedir justificações aos seus jogadores e treinador e foi vê-los a ir embora "com o rabinho entre as pernas", porque empataram um jogo (onde estavam a ser dominados) com tal acto de ladroagem.
Corrijam-me se estiver enganado: os árbitros são pagos para apitar o que vêm, certo? O que viu Pedro Proença? Acho que ninguém saberá porque seria uma qualquer fantasia demasiado rebuscada para fazer qualquer tipo de sentido. Parafraseando o título deste texto, foi mais uma "banhada".
Luisão, na zona mista e após o jogo, fez uma declaração que me deixou ao mesmo tempo chocado e preocupado, por várias razões: "Os árbitros também são profissionais e também erram" terão sido as palavras do central brasileiro. Isto vem demonstrar algumas coisas: há jogadores que pensam que os árbitros são profissionais exclusivamente dedicados ao seu trabalho, como todos os outros intervenientes no futebol; e se os jogadores erram e são punidos, porque não hão-de ser punidos também os árbitros?
Mas também devo dizer uma coisa caros leitores: profissionalizar estes árbitros? Também não me parece que seja a solução. Aqui a palavra "irradiação" vem-me à mente e de repente lembro-me das palavras de Al Pacino em "O Advogado do Diabo": "Até que a podridão os sufoque a todos!"
Dirão alguns: "mas todos têm razão de queixa". Mais uma razão para exigir explicações a esses abutres cegos, surdos e mudos que não deixam que o futebol continue o seu natural caminho. Cegos porque vêm e não apitam e apitam o que não vêm; surdos porque não são capazes de ouvir dirigentes, Federação, Liga e jogadores sobre o seu trabalho dentro das quatro linhas; mudos porque não são capazes de diálogo; abutres porque rapinam tudo e todos e vestem de preto.
Ora se todos têm razão de queixa e se arbitragens como a de Pedro Proença, Carlos Xistra, Bruno Paixão dão origem a críticas de todos os quadrantes do mundo do futebol, como se pode ficar parado?
Para finalizar, três notas muito rapidamente, as palavras de Derlei no final do jogo entre Sporting e Sp. Braga: "Os árbitros fazem o que querem e só os jogadores, treinadores e dirigentes é que são penalizados"; as "gordas" no site do jornal Record no final do jogo entre Porto e Benfica: "os dragões lograram o empate, quando aos 74' Lucho converteu uma grande penalidade a castigar falta de Yebda sobre Lisandro"... (sim a mim também me deu vontade de rir com a si, caro leitor); e uma reflexão final... entre os três grandes há uma qualidade que distingue os adeptos, treinadores, jogadores e dirigentes de Benfica e Sporting dos demais do Porto: a humildade de, na hora da derrota reconhecerem que o adversário foi superior. Pode-se chamar falta de chá, presunção, orgulho... eu chamo-lhe simplesmente estupidez.
NOTA: peço desde já desculpa por alguma linguagem deste texto mas a verdade é que não sou pago para ser imparcial como qualquer jornalista devia ser nem para ser politicamente correcto, nem sou sequer pago para escrever. Escrevi o que me vai na alma, que ao que parece dói a muita gente que se esconde num clubismo cego para não ver a realidade. Como sempre aqui no "Crónicas", venham as críticas, os pontos de vista, o debate! Sempre à vossa disposição.
PS: sempre gostei de "sitcoms" e outras séries de gargalhada fácil e há algumas que nunca perco e vejo todas as semanas: Family Guy, Seinfeld e a crónica de Miguel Sousa Tavares no jornal "A Bola".