Old Trafford, 24 de Abril, 19h45. Milan e Manchester United entram em campo e na postura dos seus jogadores nota-se os traços genéticos que definem dois estilos de futebol antagónicos.
Apoiados por um público entusiasta o Manchester apresenta uma base de jogadores que reflecte a identidade dos seus adeptos, maioritariamente trabalhadores do sector industrial da cidade. Giggs, Wes Brown, O’Shea, Carrick, Fletcher, Rooney, Alan Smith e Scholes todos eles jogam a grande intensidade, de dentes cerrados, não param um segundo, como se a sua camisa fosse um fato-macaco que não se importassem de sujar.
Milan, vindo de uma cidade cosmopolita, centro da moda mundial, entra de camisa branca, impecavelmente engomada. Jogadores finos, que podiam ter saído de uma qualquer passerelle, como Maldini, Nesta, Pirlo, Inzaghi, Gilardino, Jankulovski e Kaka (o mais italiano dos brasileiros que eu já vi jogar).
O jogo começa e os ingleses arregaçam as mangas e dominam as operações. O gigante italiano agradece e encosta-se no seu “sofá” defensivo. É como se sente melhor.
Canto do lado direito, cabeçada de Ronaldo. As câmeras apanham o olhar de Maldini, e o experiente capitão não apresenta qualquer sinal de intranquilidade. Sabe a equipa que comanda e tem a noção da estratégia traçada. Contra-ataque de chancela italiana. Puro e simples. O golo de Ronaldo não faz abanar esta estratégia.
O jogo prossegue e a tónica mantém-se, até que Kaka irrompe pela defensiva inglesa, ultrapassa Heinze e toca com classe para o fundo das redes.
Um quarto de hora depois, de novo Kaka, num trabalho individual ganha a melhor a Heinze e Evra, e á saída de Van der Sar faz o 2-1.
Intervalo e o gigante italiano na frente, sem deslumbrar mas com grande eficiência.
A segunda parte começa e a cavalgada inglesa ao “castelo” italiano continua. No entanto o golo aparece não por um lance de velocidade de Giggs ou Ronaldo, mas por um lance de génio de Scholes, que com uma “colher” perfeita alimenta o instinto goleador de Rooney que faz o empate.
O jogo mantém a toada até que perto do final, Giggs esgota o seu último “sprint”, coloca comprido em Rooney que estabelece o resultado final.
O jogo acaba. As camisas dos italianos permanecem brancas, os cabelos estão impecáveis e com um ar apresentável para sair á noite para um “pub” qualquer de Picadilly Circus. Os “gladiadores” ingleses estão mais cansados (Ferguson não fez substituições), e aparentam o aspecto de um qualquer metalúrgico após um estafante dia de trabalho.
Não sei qual vai ser o resultado da segunda mão. Nem quem vai estar presente na final.
Autor: MAH
PS: daqui em diante irei postar os textos do meu caro colega Miguel Horta, assinados MAH, pelo que colocarei sempre a autoria do texto em questão, apesar do meu nome ser sempre mencionado no post. Um grande bem haja pela sua contribuição caro colega!